O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu parece ter conseguido salvar seu governo, pelo menos por enquanto, após o anúncio, nesta segunda-feira (19), de um ministro da coalizão de que permanecerá no Executivo.

A decisão afasta, assim, a possibilidade de eleições antecipadas.

O partido nacionalista religioso Lar Judeu condicionava sua permanência na coalizão à entrega da pasta de Defesa ao atual ministro da Educação, Naftali Bennett, presidente da sigla.

O posto está vago desde a renúncia, na semana passada, do ultranacionalista Avigdor Lieberman.

Desde então, os analistas viam o governo de Benjamin Netanyahu sem muita opção e esperavam uma entrevista coletiva, hoje, de Bennett e da ministra da Justiça, Ayelet Shaked, para comunicar o destino do governo.

Em uma reviravolta surpreendente, Naftali Bennett baixou o tom e disse estar com esperança, após o discurso da véspera feito pelo premiê. Nele, Netanyahu prometeu aos israelenses “que mudaria de rumo”.

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“Se o primeiro-ministro for sério em suas intenções — e quero crer nas palavras que ouvi de sua boca ontem à noite —, deixaremos de lado todas as nossas exigências políticas por enquanto e o ajudaremos na missão imensa que consiste em que Israel ganhe de novo”, declarou Bennett.

O governo está em plena crise depois que o ultranacionalista Lieberman renunciou ao cargo de ministro da Defesa na quarta-feira, por divergir da trégua acertada com grupos palestinos na Faixa de Gaza. Lieberman classificou o cessar-fogo de “capitulação diante do terrorismo”.

Sua demissão deixou Netanyahu com maioria parlamentar de apenas um deputado, à mercê de renúncias e chantagens.

O presidente israelense se recusou, porém, a nomear Bennet como ministro da Defesa e decidiu assumir a função – pelo menos por enquanto -, junto com as de primeiro-ministro, ministro das Relações Exteriores e ministro da Saúde.

– ‘Irresponsável’ –

Netanyahu se mostrava muito reticente a oferecer o potencial trampolim representado pela pasta da Defesa a um homem que não disfarça suas ambições e de quem tem uma enorme aversão.

Outro pilar da coalizão, o ministro das Finanças de centro direita, Moshe Kahlon, também se opunha à nomeação de Bennett para a Defesa, apelando para a convocação de eleições o quanto antes.

Esta aparente paralisia parecia tornar inevitável a antecipação das eleições, mas Netanyahu resiste a essa possibilidade, habitual em Israel, um país no qual nenhuma legislatura chegou ao fim em décadas.

A data para as próximas eleições legislativas está estabelecida para novembro de 2019, mas, há meses, paira no ar a convocação de eleições antecipadas. Há até pouco tempo, a ideia foi cogitada pelo próprio Netanyahu, que acabou por mudar de opinião.

O presidente israelense tem a autoridade para dissolver o Parlamento e, neste caso, os israelenses são convocados para votar em um prazo de 90 dias.

No domingo à noite, Netanyahu disse que dissolver a coalizão seria “irresponsável”, invocando as ameaças urgentes que o país enfrenta.


“Nossas condições de segurança são, neste momento, muito complexas”, declarou ele em pronunciamento pela televisão, com ares de discurso eleitoral.

Segundo analistas, Netanyahu busca se distanciar o máximo possível dos acontecimentos na Faixa de Gaza na semana passada e das eleições antecipadas.

O cessar-fogo com os grupos palestinos parece ter diminuído sua imagem de melhor garantidor da segurança de Israel, sobretudo, entre os habitantes da periferia do território palestino. Entre eles, há vários eleitores do Likud, o partido de Netanyahu.


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