27/09/2024 - 15:55
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometeu, nesta sexta-feira (27), em discurso na ONU, que continuará atacando o Hezbollah no Líbano, pouco antes de o Exército israelense informar que bombardeou o quartel-general da organização islamista nos subúrbios de Beirute.
Pouco depois do final de seu discurso, os militares israelenses anunciaram novos bombardeios contra o Hezbollah no sul do Líbano e um “bombardeio de precisão” no “quartel-general” do grupo na periferia sul de Beirute.
Segundo a televisão israelense, o alvo destes ataques era o líder do movimento, Hasan Nasrallah. Duas pessoas morreram e 76 ficaram feridas neste ataque, segundo o ministério da Saúde libanês, mas uma fonte próxima ao grupo islamista pró-Irã afirmou que Nasrallah está “bem”.
O bombardeio deixou seis edifícios completamente destruídos, afirmou a mesma fonte.
Segundo a embaixada iraniana no Líbano, o ataque israelense constitui “uma escala perigosa”, que “muda as regras do jogo”.
Em um comentário na rede X, a embaixada denunciou um “massacre” que, assegurou, “receberá um castigo justo”.
Em um discurso na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, que foi boicotado por várias delegações, Netanyahu afirmou que “Israel não tem escolha” e continuará suas operações contra o Hezbollah até que “todos” os objetivos sejam alcançados.
Suas declarações ocorrem no quinto dia de bombardeios israelenses mortais contra o movimento islamista pró-iraniano, que mais uma vez disparou foguetes contra o território israelense.
As palavras de Netanyahu enterram a esperança de uma trégua temporária de 21 dias, proposta na quarta-feira por França e Estados Unidos, também apoiada por vários países ocidentais e árabes.
Segundo o ministério da Saúde libanês, desde segunda-feira, mais de 700 pessoas, a maioria civis, foram mortas no Líbano por bombardeios israelenses contra o Hezbollah, um aliado do movimento islamista palestino Hamas.
Este é o período mais mortal em “uma geração” no Líbano, alertou a ONU nesta sexta-feira.
Nesta semana, a Força Aérea israelense bombardeou os redutos do Hezbollah em todo país, ações que obrigaram quase 118 mil pessoas a abandonarem suas casas, segundo a ONU.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) denunciou o “ritmo espantoso” em que crianças morrem nos bombardeios, bem como danos em construções civis, que deixam “30.000 pessoas sem acesso à água potável” no leste e no sul do Líbano.
Uma eventual operação terrestre contra o Hezbollah será “a mais curta possível”, garantiu nesta sexta-feira uma autoridade israelense de segurança, depois que o chefe do Estado-Maior, o general Herzi Halevi, pediu, na quarta-feira, aos soldados que se preparassem para uma possível incursão terrestre.
O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, fez um apelo à comunidade internacional, para que impeça Israel de lançar uma “guerra genocida” contra seu país.
O Hezbollah abriu uma frente contra Israel em solidariedade ao movimento islamista palestino Hamas, alvo de uma ofensiva israelense na Faixa de Gaza desde o ataque de seus combatentes no sul de Israel, em 7 de outubro.
Em quase um ano de violência, mais de 1.500 pessoas morreram no Líbano, segundo o departamento nacional de catástrofes.
O balanço supera o da guerra de 2006 entre Israel e o Hezbollah, que deixou 1.200 mortos no Líbano, a maioria civis, e quase 160 em Israel, a maioria soldados.
O grupo islamista libanês alertou que continuará seus ataques “até o fim da agressão em Gaza” e reivindicou, nesta sexta, a responsabilidade pelos tiroteios contra Israel no setor Kyriat Ata, na cidade portuária de Haifa, que abriga inúmeras indústrias, especialmente de defesa, e na cidade de Tiberíades, no norte.
O Exército israelense indicou, por sua vez, que interceptou quatro drones disparados do Líbano em direção à zona fronteiriça de Rosh Hanikra e que respondeu ao lançamento de um foguete em direção a Haifa.
Em meados de setembro, Israel anunciou que o “centro de gravidade” da guerra contra o Hamas estava se deslocando para a fronteira com o Líbano.
A meta, afirmou, é garantir o retorno de dezenas de milhares de moradores do norte de Israel, deslocados pelos ataques do Hezbollah, para suas residências.
O secretário americano da Defesa, Lloyd Austin, alertou na quinta-feira sobre uma “guerra total” que “seria devastadora para Israel e Líbano”, e considerou que um cessar-fogo poderia levar a um acordo de trégua em Gaza.
Mas, apesar dos esforços de mediação nos últimos meses, um cessar-fogo em Gaza parece cada vez mais difícil.
Em Gaza “lutaremos até alcançar a vitória, a vitória total” se o Hamas entregar as armas e libertar todos os reféns, insistiu Netanyahu na tribuna da ONU. Pouco depois, seu gabinete anunciou que o premiê encurtará sua estadia nos Estados Unidos e retornará a Israel.
O conflito entre o Exército israelense e o Hamas na Faixa de Gaza começou com o ataque do Hamas em 7 de outubro, que deixou 1.205 mortos em Israel, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em números oficiais israelenses que inclui reféns que morreram ou foram assassinados em cativeiro em Gaza.
Das 251 pessoas sequestradas, 97 permanecem em Gaza, 33 das quais foram declaradas mortas pelo Exército.
Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que já deixou 41.534 mortos, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, considerados confiáveis pela ONU
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