17/09/2019 - 8:54
Benjamin Netanyahu, o mais longevo dos primeiros-ministros da história de Israel, é um mestre da arte de surpreender os adversários políticos e de sobreviver às adversidades, e espera permanecer no poder depois das eleições de legislativas desta terça.
Netanyahu, de 69 anos – dois quais 13 à frente do governo -, é de todos os primeiros-ministros de Israel o único a ter nascido depois da criação do Estado, em maio de 1948.
Seus êxitos diplomáticos, sua imagem de maior avalista da segurança de um país confrontado com múltiplas ameaças e com crescimento econômico deixaram pouco espaço para seus adversários.
No entanto, este anos, e pela segunda vez, as pesquisas preveem uma eleição acirrada frente ao general Benny Gantz, ex-chefe do Estado-Maior, líder de uma lista de centro-esquerda, que o reprova por seu “vício aos prazeres do poder”.
Nas legislativas de abril, Gantz, que congregou os votos anti-Netanyahu, terminou empatado com o Likud do primeiro-ministro. Mas como Bibi (apelido do premiê) não conseguiu formar uma coalizão de governo, foram convocadas estas novas eleições.
Adorado ou odiado, ele demonstrou ao longo de sua carreira política sua formidável capacidade para enfrentar situações adversas.
– Precoce e duradoura –
Netanyahu foi o primeiro-ministro mais jovem da história de Israel, quando liderou o governo pela primeira vez entre 1996 e 1999. Em 2009, ele retornou ao cargo de primeiro-ministro, tendo ocupado vários cargos ministeriais nos governos de Ariel Sharon.
Essa permanência no poder causa admiração, simpatia ou aversão. “Se perdermos Bibi, haverá momentos em que Israel se arrependerá de não ter um líder internacional de estatura, reconhecido por todo o mundo, que – goste ou não – a quem todo mundo presta atenção quando toma a palavra”, escreveu o jornal Haaretz, que não esconde sua hostilidade em relação a Netanyahu.
Neto de rabino, filho de um historiador ultrassionista, Netanyahu nasceu em 21 de outubro de 1949 em Tel Aviv.
Netanyahu passou parte de sua infância nos Estados Unidos e estudou no prestigiado Massachusetts Institute of Technology (MIT).
Ao retornar a Israel, ele serviu cinco anos em uma unidade de forças especiais israelenses e foi ferido em 1972 em uma operação de resgate de reféns em um avião desviado por palestinos.
Netanyahu frequentemente evoca a morte de seu irmão Yoni na operação israelense para resgatar reféns de outro voo no aeroporto de Entebbe, em Uganda.
No início dos anos oitenta, ele começou sua carreira política com apoio de Moshe Arens, do partido Likud (direita), que o nomeou para a embaixada de Israel nos Estados Unidos e, em seguida, embaixador na ONU.
Em 1988, foi eleito deputado pela primeira vez e, em 1996, ingressou no cargo de primeiro- ministro.
– Inimigo mortal –
Nos últimos anos, Netanyahu designou o Irã como o novo “amalek”, o inimigo mortal de Israel, o que lhe permitiu desenvolver novas relações com os países árabes, principalmente a Arábia Saudita.
A chegada de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos deu um novo impulso às ambições de Netanyahu que, na campanha eleitoral, exibe como troféus pessoais a transferência da embaixada dos Estados Unidos para Jerusalém e o reconhecimento da anexação da Colina de Golã por Washington.
Seus adversários o acusam de ser um autocrata, ganancioso pelo poder, que nunca quis ter paz com os palestinos e cujo discurso antiárabe mina os fundamentos da democracia israelense.
Casado e com três filhos, Netanyahu está envolvido em supostos casos de corrupção, fraude e abuso de confiança em casos de doações de empresários milionários.
O primeiro ministro, que será interrogado pela justiça no próximo mês, denuncia uma “caça às bruxas”.