O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, falou nesta quarta-feira (6) com o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a “ameaça iraniana” e comemorou a vitória do republicano como “um potente e renovado compromisso na grande aliança” entre os dois países.

Os analistas apontavam que Netanyahu, e também a opinião pública israelense, preferiam uma vitória de Trump para dispor de maior margem em suas guerras contra o movimento palestino Hamas em Gaza e seu aliado libanês Hezbollah.

Nesta segunda frente, o novo líder do movimento xiita pró-iraniano, Naim Qassem, reiterou nesta quarta sua vontade de continuar o combate contra Israel e alertou que dispõe de milhares de soldados “treinados” para lutar.

A conversa entre Trump e Netanyahu foi “amistosa e cordial”, disse o gabinete do premiê israelense. Nela, os dois “coincidiram em cooperar pela segurança de Israel” e “discutiram a ameaça do Irã”, que apoia o Hamas e o Hezbollah.

O dirigente conservador israelense havia celebrado antes “o retorno histórico à Casa Branca” de Trump, que, em seu primeiro mandato, havia multiplicado os gestos a favor de Israel com decisões como a mudança de sua embaixada a Jerusalém.

“Juntos reforçaremos a aliança Israel-Estados Unidos, recuperaremos os reféns” mantidos em Gaza após o ataque do Hamas em outubro de 2023 que desencadeou a guerra e “nos manteremos firmes para vencer o eixo do mal dirigido pelo Irã”, disse o novo ministro da Defesa israelense, Israel Katz.

Mensagem aguerrida de Qassem

No terreno bélico, Israel respondeu ao discurso aguerrido de Qassem com bombardeios na periferia sul de Beirute, bastião do Hezbollah e onde matou seu antecessor Hassan Nasrallah no fim de setembro.

Depois de quase um ano de hostilidades com o Hezbollah ao longo da fronteira, Israel iniciou uma campanha de bombardeios contra Hezbollah no Líbano em 23 de setembro e lançou, uma semana depois, uma ofensiva terrestre no sul do país.

Essas ações dizimaram as capacidades de operação do Hezbollah, mas Qassem advertiu que ainda há “dezenas de milhares de combatentes da resistência treinados, que podem enfrentar e resistir” ao Exército israelense.

Israel “gritará [de dor] sob os mísseis e drones. Nenhum lugar da entidade israelense é inacessível”, ameaçou.

Nesta quarta, o Exército israelense contabilizou 120 projéteis lançados do Líbano. O Hezbollah, por sua vez, reivindicou o disparo de mísseis contra uma base militar perto do aeroporto Ben Gurion, ao sul de Tel Aviv.

A aviação israelense concentrou seus ataques desta quarta no nordeste e no sul do Líbano, redutos do Hezbollah, bem como na periferia sul de Beirute, onde também lançou bombardeios nas primeiras horas de quinta-feira.

No Vale do Beqaa e sua capital Baalbek, no leste, o Ministério da Saúde libanês reportou 40 mortos e 53 feridos por esses bombardeios.

O responsável por essa pasta, o ministro Firass Abiad, disse à AFP na quarta-feira que as operações israelenses desde 23 de setembro mataram mais de 2.600 pessoas no Líbano, “a maioria civis”.

Israel justificou sua ofensiva no Líbano para permitir o retorno de 60.000 habitantes do norte do país, deslocados pelos disparos de projéteis do Hezbollah que garante atuar em solidariedade ao Hamas.

Na Faixa de Gaza, Israel continuou suas operações contra o movimento palestino, especialmente no norte, onde realiza há um mês uma ofensiva letal.

Israel prometeu aniquilar o Hamas depois do ataque de 7 de outubro, que resultou na morte de 1.206 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP com base em dados oficiais, que inclui os reféns mortos em cativeiro.

Das 251 pessoas sequestradas pelos comandos do Hamas, 97 permanecem em Gaza, das quais o Exército israelense declarou 34 como mortas.

A ofensiva israelense em Gaza já deixou 43.391 mortos, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas nesse território, que a ONU considera confiáveis.