Não há dor maior nesse mundo que a perda de um grande amor. E o maior deles, acredito, talvez ainda maior que o amor pelos pais, é o amor por um filho. Meu Deus! Penso em minha filha, no caso a perda de minha filha, e um buraco se abre dentro de mim, imediatamente – felizmente! – interrompido pelo choque da realidade: “está tudo bem”.

Digo isso porque acabei de assistir a um vídeo que viralizou, em que uma mãe se reencontra com o filho, de 8 anos, recém-desperto de um coma de 16 dias. Confesso que não dei conta de assistir a tudo, ainda que ciente do final feliz. Há certas cenas insuportáveis para mim. Quando se trata de crianças e idosos, então, é que não dá mesmo.

A paternidade vem acompanhada de um medo sobre-humano, se é que isso existe. E por mais forte o pai, ou a mãe, fato é que absolutamente ninguém está pronto para perder um filho. Lado outro, a orfandade – sobretudo a plena, de pai e mãe -, no tempo certo, acaba produzindo, dadas algumas condições e particularidades, até mesmo um certo conforto.

Um admirável novo amigo, filósofo e escritor dos bons, ou melhor, dos ótimos, me enviou um texto seu, escrito no Portal UAI, do Estado de Minas (Diários Associados). Coincidentemente o li hoje de manhã, antes de assistir ao tal vídeo agora há pouco – motivo pelo qual escrevo para vocês. É uma espécie de terapia em letras, palavras e frases.

Renato de Faria, o amigo e autor, aborda com extrema sabedoria o tema “insegurança dos pais”. Leiam isso: “Ao contrário do que muitos pensam, coragem não significa ausência de medo, mas a habilidade de conviver com eles. Nos tornamos corajosos quando aprendemos a dialogar com nossos temores, chamá-los pelo nome e registrar sua presença em momentos importantes”.

Confesso que, aos 56 anos de vida, se fosse avaliado neste quesito tiraria, no máximo, uma nota 6. Com extrema boa vontade do avaliador, 7. Ao fantasiar sobre a morte de minha filha, tentei “dialogar” com meu pânico, mas não consegui. O máximo, dentro do que nos ensina o Renato, que consigo, é conviver com ele (pânico). Acho que, ao menos para ir tocando o dia a dia, é suficiente.