Lavando as mãos como um pilatos em Manaus, fazendo piada de broxa na internet, Bolsonaro e o governo ainda conseguem surpreender o Brasil e mundo em mais um inacreditável capítulo do show de horror no seriado “A Gestão Brasileira da Pandemia” Segunda temporada: “A Vacinação”.

Pazzuelo afirmou com pompa e circunstância que os brasileiros vão ter sua vacina no dia “D” e na hora “H”; mais tarde Bolsonaro confirmava na sua live que isso era apenas “linguagem de militares”. Mas afinal, que governo é esse que faz piada de caserna na hora da morte? Não fosse tão trágico, seria risível.

Enquanto o povo morre no Amazonas, Bolsonaro revisita no seu passado as mesmas fábulas negacionistas com que, arrastou irresponsavelmente muitos dos seus seguidores para um caminho inexorável até a morte. 210 mil, de todas as idades, em todos os lugares, já perderam a vida.

Lembro as falas de Jair Bolsonaro em todo 2020. Março — 90% de nós não terá qualquer manifestação caso se contamine. Abril — No meu caso particular, pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus não precisaria me preocupar. Maio — Nada sentiria, ou seria, quando muito, acometido de uma gripezinha ou resfriadinho, como bem disse aquele conhecido médico daquela conhecida televisão.

Mas foi ainda hoje que voltou a repetir, inconsciente da dor alheia — enquanto o oxigénio acabava para tantos brasileiros — fechado num néscio casulo de egoísmos — “Quem falou gripezinha não fui eu, foi Dráuzio Varella. Eu já tive e estou imunizado aqui. O que eu falei e desafiei a imprensa depois a me desmentir é que era gripezinha para mim.” Eu, eu, eu, mim, mim, mim. Eu em eu, mim em mim.

Mas nesta espiral de Narciso quantos “nós” morreram hoje asfixiados na incompetência de Jair? Será que algum tribunal poderá alguma vez reparar esse crime?

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Enquanto as mortes se acumulam — já são quase 210 mil em todo o país — o presidente e o ministro da Saúde continuam brincando com a vida das pessoas boicotando as chances de o Brasil conseguir comprar a vacina no exterior.

Cada dia mais de atraso no início da campanha de vacinação é um dia a menos nas chances de o Brasil se afirmar como um país com futuro. Nem dia D, nem hora H.

Que tal um plano B? Como ninguém está vendendo a vacina para a gente, porque é que não exportamos os insumos com que se fabricam as seringas. Ninguém está precisando muito disso aqui…


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