O empresário Nelson Tanure, um dos maiores acionistas da Oi, por meio de fundo Société Mondiale e outros veículos de investimento, estaria se movimentando para ganhar mais poder na operadora, segundo fontes a par do assunto. Na terça-feira, 7, a renúncia de Rafael Mora, o principal interlocutor da Pharol – grupo que reúne os acionistas da antiga Portugal Telecom e é maior sócio individual da tele – abriu o caminho para o empresário brasileiro na companhia, segundo pessoas a par do assunto. A tele está em recuperação judicial desde junho do ano passado.

Mora ocupava o cargo de conselheiro da Oi e participava do comitê executivo da companhia. Ele era um dos acionistas mais atuantes no conselho da operadora e virou desafeto do empresário brasileiro – eles chegaram a brigar no ano passado durante uma reunião do colegiadoda Oi.

Nos últimos meses, Tanure tem aumentado sua fatia na tele e também no capital social da Pharol. Segundo fontes próximas aos acionistas portugueses, ele já teria comprado cerca de 20% do capital grupo português e poderá pleitear mais assentos no conselho da Oi. Hoje, Tanure é representado por Demian Fiocca e Hélio Costa, nomes aprovados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

Na Oi, Tanure tem cerca de 7% por meio do Société Mondiale. Se levados em conta os veículos de investimentos associados a ele, segundo fontes a par do assunto, sua participação já estaria entre 22% e 25%, incluindo os fundos como Discovery e PointState Capital, entre outros. A assessoria de Tanure disse que o empresário só investe na Oi por meio da Société Mondiale e nega maior interferência do empresário na operadora.

Já a Pharol possui capital social de 22,24% da Oi, por meio da subsidiária Bratel BV, e o total chega a quase 27,4%, se consideradas as ações em tesouraria.

O avanço de Tanure, ainda segundo fontes, é interpretado como uma forma de o empresário tentar interferir nas negociações com os credores, que já estão em curso.

Plano de reestruturação. A Oi deve apresentar até o fim do mês um novo plano dentro do processo de recuperação judicial, buscando equacionar sua dívida junto aos credores. Com um débito total de R$ 65 bilhões, a operadora prevê em sua nova proposta um desconto de 70% sobre o montante de R$ 32 bilhões devido a credores externos, resultando em um pagamento de cerca de R$ 10 bilhões, em troca de pelo menos 25% das ações da tele. Esse porcentual, no entanto, poderia ser um pouco mais elevado, segundo uma fonte. A Oi não comenta o assunto. O plano apresentado pela Oi em setembro foi criticado, sobretudo pelos credores, que se sentiram prejudicados.

Outro ponto será a suspensão temporária da distribuição de dividendos aos acionistas. A dívida da tele com os bancos, de quase R$ 15 bilhões, será parcelada em mais de dez anos.

Paralelo ao plano de reestruturação oficial da Oi, a companhia tem sido alvo de outros investidores, como o egípcio Naguib Sawiris, que está alinhado ao banco Moelis, que representa uma parte dos credores, e dos fundos Elliott e Cerberus.

Fontes afirmam que a Oi busca aprovar seu próprio plano de reestruturação sem a interferência de outros potenciais investidores. Essa nova proposta, contudo, tem de ser aprovada pelos acionistas, que serão convocados para uma reunião 30 dias após a apresentação desse novo plano.

Em paralelo a essa agenda, uma assembleia com os acionistas será convocada até o fim de abril para aprovação do balanço de resultados da tele. O temor, segundo fontes, é de que nessa reunião, Tanure e outros investidores que tenham aumentado a fatia na tele nos últimos meses possam mudar a configuração do conselho da companhia, em função de aquisições de ações nos últimos meses, segundo fontes.

“As chances de interferência de Tanure são altas, mas o risco de a Anatel fazer uma intervenção na companhia também aumenta. O risco da briga ir longe só aumenta”, disse um potencial investidor da companhia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.