O técnico Nelsinho Baptista não voltou ao Brasil. Ele faz a sua quarentena no Japão, onde treina o Kashiwa Reysol. Lá, a paralisação do futebol começou mais cedo, em fevereiro, quando a J-League, principal competição do país, parou. O treinador afirmou que está bem, respeitando as recomendações do governo local e elogiou a disciplina dos japoneses.

“Graças a Deus estamos bem, estamos tranquilos. Respeitando as recomendações do governo. É um país menor, mas disciplinado. Então, estamos aguardando. Paramos nosso trabalho dia 22 de fevereiro. Fizemos o primeiro jogo pela J-League e vencemos o Sapporo por 4 a 2. Após a estreia, o campeonato parou”, disse o treinador brasileiro de 69 anos ao Estado.

“Nós, depois de uns 10 dias, também paramos os treinamentos porque havia risco de formar grupos e alguém estar contaminado. A própria diretoria fez uma reunião e nós decidimos parar. Estamos parados até hoje. Mas fizemos um cronograma para que os jogadores possam realizar um trabalho indo em grupos menores à academia do clube, fazendo os treinamentos, cumprindo o cronograma”, revelou.

Nelsinho Baptista foi contratado pelo Kashiwa Reysol no ano passado para tirar o time da J-League 2, equivalente à segunda divisão. O treinador brasileiro não só obteve o acesso, como foi campeão com 84 pontos em 42 rodadas. Foram 25 vitórias, nove empates e apenas oito derrotas, além de 85 gols a favor e 33 tentos tomados. Agora, o objetivo é manter a boa fase na elite. “A volta da J-League será discutida no dia 23 de abril, quando terá uma reunião na federação. A expectativa para voltar aos treinos é na primeira quinzena de maio para que o campeonato volte em junho. Estamos aguardando”, contou.

Além disso, o brasileiro tem objetivos concretos para esta temporada. “Reforçamos os setores que observamos no ano de 2019 para a necessidade de uma qualidade melhor. Os objetivos do time, com essa montagem, é um sonho grande. O Reysol é um time que já foi campeão, sabe como é ser campeão. Recuperamos a auto estima no ano passado. Estou confiante em um bom trabalho”, completou.

A animação do treinador vem da troca de peças. Ele, desta vez, preferiu jogadores jovens e japoneses. Os estrangeiros foram preteridos na lista de reforços, uma vez que no Japão só cinco podem atuar. “Nós mantivemos uma base. Fomos muito prudente nisso. Trocamos algumas peças que não tiveram resultado convincente em 2019. Buscamos peças com mais qualidade, sempre para melhorar o elenco. Nós tivemos uma reunião com a diretoria e nós investimos mais em atletas japoneses. Atletas jovens, promissores que ainda têm muito trabalho pela frente. O clube direcionou para essa condição. Contratamos jogadores japoneses com qualidade, jovens, com alguma experiência. O resultado até aqui tem sido muito bom”, comentou o comandante nascido em Campinas, no interior de São Paulo.

O técnico, ao lado de sua família, está muito bem adaptado à cidade de Kashiwa, que fica perto de Tóquio – são separadas por apenas 40 quilômetros. Kashiwa tem perto de 500 mil habitantes. “Eu me lembro de Campinas nos anos 80. Aqui é uma cidade tranquila, sem violência e com tudo que é necessário para se viver bem”, ressaltou.

Nelsinho Baptista conhece muito bem o Japão. São mais de 15 anos no país asiático. Não por acaso, ele é o técnico estrangeiro que mais trabalhou lá. A sua primeira experiência no país foi em 1990 pelo Verdy Kawazaki. Ainda no clube, foi bicampeão japonês em 1994 e 1995.

Entre 2003 e 2005, o treinador comandou o Nagoya Gramphus Eight. A primeira oportunidade no Kashiwa Reysol foi em 2009. No ano seguinte, garantiu o acesso e o título da J-League 2. Além de ter participado do Mundial de Clubes da Fifa em 2011, Nelsinho Baptista foi campeão da Copa do Imperador e da Supercopa Japonesa em 2012. No ano de 2013 levou a Copa da Liga Japonesa. Em 2014, festejou a Copa Suruga. Antes de voltar ao Reysol, passou pelo Vissel Kobe.

“Os problemas maiores são da vida, desse vírus. A gente estava em um início muito bom, motivação muito grande, compreendemos e estamos orando para os nossos governantes lá no Brasil e aqui no Japão tenham uma coerência, uma unidade muito maior do que a gente está vendo. Isso é o mais importante no momento. Quando a gente puder trabalhar, a gente vai voltar com a mesma motivação e, logicamente, vamos continuar o trabalho para voltar a vencer. Em primeiro lugar precisamos vencer o vírus, o mundo ficar mais tranquilo, com mais saúde e para a gente viver a vida”, finalizou Nelsinho Baptista.