A maioria das mulheres, evangélicos, católicos e negros, fortalecidos pelo crescente sentimento de pertencimento pós-constituição cidadã, saíram do ostracismo para se transformarem em potência demográfica e política poderosa acachapante. Segundo o TSE, com 49,57 de pretos e pardos autodeclarados contra 48,86 de brancos, pela primeira vez os negros foram o maior contingente de candidatos do País, resultando na eleição final de 158 deputados e 6 senadores e 9 governadores. Apesar de 52% dos parlamentares negros terem sido eleitos pela direita contra 23% da esquerda, as pesquisas produzida pelo Data Folha ainda em maio já apontavam que 57% de pretos e 49% dos pardos escolhiam votar em Lula para presidente.

Ou seja, quase 100% de brasileiros negros autodeclarados encontraram na candidatura petista a confiança para depositarem seus votos. Por afinidade ideológica, é certo, mas, seguramente, na esperança de que suas demandas e necessidades históricas e urgentes fossem priorizadas, como foram relativamente no passado, no primeiro e segundo governo de Lula, quando ainda não era força política tão vistosa consolidada e relevante.

Quase 100% dos pretos brasileiros autodeclarados encontraram na candidatura petista a confiança para depositar seus votos

No processo atual em curso, os negros têm sido catapultados por uma mudança cultural que combate e minimiza o impacto do racismo além de enfrentar e diminuir os efeitos da discriminação racial. Isso ocorre pelo resultado positivo das políticas afirmativas que qualifica seus quadros e constrói uma classe média intelectual nas melhores universidades publicas e privadas do Brasil. E, sobretudo, pela ação assertiva de parte considerável do ambiente corporativo que tem retirado os muros de contenção dos vieses raciais empresariais e promovido o valor da diversidade racial. Com todos esses ventos a favor os negros rapidamente têm saído do morro, chegado ao asfalto e pressionado por espaços, oportunidades e participação.

No passado, com Lula, e ainda como força política em gestação, os negros Benedita da Silva, Gilberto Gil, Marina Silva, Orlando Silva, Matilde Ribeiro, Edson Santos e Elói Ferreira alcançaram o posto de ministros e Joaquim Barbosa de forma inédita e surpreendente chegou ao Supremo Tribunal Federal. E, agora que se transformaram em potência política votante e objeto de disputa pelo centro e pela direita, qual será o lugar de fala a ser disponibilizado por Lula e pelo PT para manter e fidelizar esse capital eleitoral fabuloso que foi ator principal na eleição petista. Nesse momento que se transformaram a bola da vez da política brasileira, quantos serão os ministros negros de Lula?