Negociação entre EUA e Irã teve ‘progresso, mas sem resultados’

ROMA, 23 MAI (ANSA) – A quinta rodada de negociações sobre o programa nuclear iraniano entre Irã e Estados Unidos terminou nesta sexta-feira (23), em Roma, na Itália, “com algum progresso, mas sem resultados conclusivos”, declarou o ministro das Relações Exteriores de Omã, Badr al-Busaidi, que atuou como mediador. O principal embate entre as partes se deve ao enriquecimento de urânio para fins civis.   

A informação quanto ao “progresso” foi confirmada por um funcionário americano, que não deu mais detalhes. Do lado de Teerã, o ministro das Relações Exteriores, Sayyid Abbas Aragchi, citado pelo Axios, declarou que o debate com Washington “foi muito complexo” e por isso “são necessários outros encontros”.   

“Não podemos autorizar nem um por cento da capacidade de enriquecimento de urânio [no Irã]”, disse o chefe da delegação dos EUA, Steve Witkoff no último domingo (18). Hoje, ele se retirou das negociações em Roma antes do fim do encontro.   

No entanto, Aragchi escreveu em seu perfil no X que “zero armas nucleares = temos um acordo. Zero enriquecimento = não temos acordo.” O Irã assegura suas intenções pacíficas ao relembrar o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), do qual é signatário.   

Mas EUA e Israel, um dos maiores inimigos dos aiatolás, suspeitam que Teerã queira adquirir armas nucleares.   

“Holanda, Bélgica, Coreia do Sul, Brasil e Japão estão enriquecendo urânio sem possuir armas nucleares”, citou Behrouz Kamalvandi, porta-voz da Organização de Energia Atômica do Irã (AIEA).   

Sobre o tema, o vice-premiê italiano e ministro das Relações Exteriores, Antonio Tajani, afirmou nesta sexta que falou com seus homólogos nos ministérios de Irã e Omã e reforçou que “a Itália está pronta para receber outras negociações de paz, já que Roma quer ser cada vez mais um centro de iniciativas que levem à paz”.   

As negociações, iniciadas em abril, representam o contato direto entre funcionários de alto escalão desde que os EUA abandonaram o acordo nuclear de 2015, durante o governo de Donald Trump. Tal acordo buscava impedir o desenvolvimento de armas nucleares pelo Irã em troca de alívio nas sanções internacionais.   

Atualmente, o Irã enriquece urânio a 60%, bem acima do limite de 3,67% estabelecido, mas abaixo dos 90% necessários para armas. (ANSA).