Nova York, 17/6 – A negociação de farelo de soja, principal ingrediente na produção de ração animal, praticamente triplicou na China em maio em relação ao mesmo mês do ano passado, enquanto os preços do contrato mais líquido já escalaram 40% em 2016. O movimento compila todas as características de uma bolha, com investidores em busca de novos ativos após o mercado de ações apresentar grande retração e o governo reduzir investimentos em infraestrutura. “O interesse dos investidores em futuros do mercado agrícola está claramente em alta, com o farelo de soja e colza atraindo a maior parte dos investimentos”, afirma Wang Chengqiang, analista de uma corretora em Shanghai. A Bolsa Dalian, no noroeste do país, chamou a atenção do mercado no ano passado ao oferecer um desconto nas operações intraday no mercado futuro de farelo de soja. Cerca de US$ 250 bilhões em contratos foram negociados em maio, volume equivalente a 600 milhões de toneladas ou nove vezes superior ao consumo anual do produto no país, conforme cálculos do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês). Preocupada com o avanço de operações especulativas, após a perspectiva de safra menor na América do Sul, a bolsa retirou a política de descontos no mês passado, porém, não foi suficiente. O contrato com vencimento em setembro registrou alta de 15% em seis sessões a partir de 2 de junho. Os fundamentos do mercado contribuem para o movimento, com a perspectiva de que a produção na América Latina recue, prejudicada pelo excesso de chuvas provocadas pela El Niño, especialmente na Argentina. Na semana passada, o USDA estimou que os estoques globais da oleaginosa recuem 8,3% até agosto de 2017. Nos Estados Unidos, os futuros de farelo de curto prazo negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) já avançaram 55% desde o início do ano. A diretora de commodities da BMI Research em Cingapura, Aurelia Britsch, aponta que a negociação nos EUA está pautando o mercado chinês. “É mais uma especulação norte-americana, com fundos balanceando seus portfólios com mais commodities”, afirma. O mercado global de farelo de soja, com ativos negociados na Dalian desde 2000, movimentou mais de 300 milhões de contratos no ano passado, conforme a Associação da Indústria de Futuros (FIA, na sigla em inglês). Em volume, 7 dos 10 ativos agrícolas mais movimentados no mundo eram negociados na China. Apesar das tentativas de esfriar o mercado, alguns analistas esperam que os preços sigam elevados por causa do aperto no fornecimento. Uma alta dos preços da carne suína na China está provocando um aumento do rebanho suíno, o que eleva a demanda pelo farelo de soja. Em compensação, Pequim removeu uma política de preço mínimo aos produtores de milho, o que pode provocar uma transferência das lavouras para soja e melhorar a oferta local. Fonte: Dow Jones Newswires.