Um juiz federal dos Estados Unidos negou nesta terça-feira (20) a concessão de fiança ao ex-ministro da Defesa mexicano Salvador Cienfuegos, que permanecerá detido após ser acusado de tráfico de drogas.

Cienfuegos, general reformado que foi Ministro da Defesa no governo de Enrique Peña Nieto (2012-2018), foi detido na quinta-feira passada ao chegar ao aeroporto de Los Angeles, a pedido de um tribunal de Nova Iorque.

Em audiência virtual em que Cienfuegos não compareceu, o juiz Alexander MacKinnon disse que o militar representa risco de fuga e que deve permanecer sob custódia para ser transferido para Nova York.

“O tribunal determinou que a prisão dos acusados deve ser ordenada até que o julgamento seja realizado”, disse o juiz após ouvir os argumentos do promotor e do advogado de defesa.

O magistrado destacou que existe o risco de o ex-ministro não ser julgado caso seja libertado e inferiu que deve ter “contatos” para o ajudar a fugir.

Uma investigação da Agência Antidrogas dos Estados Unidos (DEA) indica que Cienfuegos recebeu propina para proteger o cartel H-2, grupo criminoso que assumiu a liderança do cartel dos irmãos Beltrán Leyva quando foi dizimado pela captura e morte de seus líderes.

O ex-ministro foi acusado de três crimes de tráfico de drogas e um de lavagem de dinheiro cometidos entre 2015 e 2017, que segundo o juiz MacKinnon resultariam em sentenças que aos 70 anos “seriam basicamente prisão perpétua”.

Ele é uma pessoa com “poder político e privilégios no México, que tem a possibilidade de passar o resto da vida na prisão”, observou. “Acho que isso incentiva qualquer um a fugir”.

O advogado de defesa Duane Lyons refutou que Cienfuegos esteja pensando em fugir porque pretende limpar sua reputação e ofereceu as “economias vitalícias” do réu, 750.000 dólares, para pagar a fiança.

Ele também destacou que os Estados Unidos e o México mantêm um tratado de extradição e que a pandemia de covid-19 não apenas dificulta sua defesa, mas também representa um risco para seu cliente devido à sua idade avançada.

O juiz negou as alegações e sugeriu entrar com recurso sobre as condições de saúde do réu em Nova York, para onde ele deve ser transferido nas próximas semanas.