Os casos de negação do acesso de crianças à ajuda humanitária seguem aumentando de forma “impactante” em todo o mundo, lamentou, nesta quarta-feira (3), a representante da ONU encarregada do tema.

O relatório anual mais recente sobre os direitos das crianças nos conflitos, publicado em junho de 2023, registra 3.931 casos comprovados em todo o mundo, de Gaza ao Iêmen, passando pelo Afeganistão e o Mali.

Virginia Gamba, representante especial da ONU para as crianças em conflitos armados, comentou, perante o Conselho de Segurança, que o aumento desde 2019 é “exponencial”.

“Os dados compilados para o próximo relatório de 2024 mostram que nos dirigimos a observar um aumento surpreendente destes incidentes de negação da ajuda humanitária em todo o mundo”, acrescentou, uma situação que definiu como um “flagrante desprezo ao direito humanitário”.

Os casos de negação do acesso humanitário para crianças têm a ver particularmente com “restrições das atividades e movimentos humanitários; ingerências nas operações humanitárias e discriminação contra beneficiários da ajuda; ataques diretos e indiscriminados contra infraestruturas civis” ou contra os trabalhadores humanitários, especificou.

A representante não detalhou quais países aparecem em destaque no relatório de 2024, cuja publicação está prevista para junho.

A negação do acesso humanitário em Gaza por parte das forças israelenses representou uma parte importante do total de casos comprovados em 2023, com 1.861.

A ONU segue denunciando as restrições à entrada de ajuda humanitária em Gaza desde que Israel iniciou uma ofensiva militar em retaliação ao ataque do Hamas, em 7 de outubro.

“Devido às limitações, as crianças não têm acesso a alimentos nutritivos adequados para sua idade, nem a serviços médicos, e dispõem de menos de dois ou três litros d’água por dia”, denunciou, nesta quarta-feira, Ted Chaiban, diretor-adjunto do Unicef diante do Conselho de Segurança da ONU.

“As consequências são claras”, acrescentou. “Foi reportado que dezenas de crianças morreram por desnutrição e desidratação nas últimas semanas no norte da Faixa de Gaza”.

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