A enorme festa no ginásio do Morumbi na decisão do Campeonato Paulista nesta semana foi uma demonstração do que o Novo Basquete Brasil espera da temporada 2021-2022. A volta da torcida é o principal atrativo do NBB após exatos 587 dias com jogos sem público por causa da pandemia do novo coronavírus. A partida de abertura será o clássico entre São Paulo e Flamengo, na reedição da última final do torneio.

“A volta da torcida é uma situação que eu estava esperando há muito tempo. A última temporada foi difícil, senti muita falta da presença dos torcedores. Na final, eu ficava imaginando como seria o Maracanãzinho lotado com o nosso torcedor, seria muito mais bonito do que foi”, afirmou Olivinha, do Flamengo, citando o título conquistado sobre o São Paulo na temporada passada. “Toda energia que o torcedor colocada do lado de fora tentamos levar para dentro da quadra”, acrescentou.

Jogador do São Paulo, Shamell tem um sentimento parecido. “É muito bacana (o retorno do público). A gente sente saudade disso. Deixa todo mundo mais perto. Claro que temos de cuidar primeiro da saúde, mas é importante ter essa cobrança (do torcedor), serve para te acordar em alguns momentos do jogo.”

O retorno do público ainda será com restrições. A Liga Nacional de Basquete, responsável pela organização do torneio, determinou que apenas os torcedores da equipe mandante têm permissão para comparecer aos jogos. A medida era adotado somente em partidas entre clubes de futebol. Atualmente, além de São Paulo e Flamengo, o NBB conta com Corinthians e Fortaleza.

A liberação parcial ou total do público terá de respeitar a legislação de cada município ou Estado. O mesmo vale para exigência ou não do certificado de vacinação, para o acesso de torcedores. A equipe mandante é responsável por controlar o acesso e supervisionar a circulação de pessoas no ginásio e deverá colocar em prática um sistema eficiente e rigoroso de controle.

“Essa temporada será de reabertura. Acredito que será uma temporada muito alegre, com o retorno do público. Claro, de acordo com os protocolos, tanto dos locais da competição, quanto da liga. Mesmo assim será algo muito bonito poder ver mais uma vez o retorno das pessoas aos ginásios, torcendo”, afirmou o presidente da LNB, Delano Franco.

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Para Marcelo Palaia, professor e especialista em marketing esportivo, o retorno do público é ainda mais significativo no basquete do que no futebol. “A relação do torcedor que acompanha o basquete é íntima, é um público que geralmente gosta muito do esporte e tem um carinho muito grande pelo time de determinada região”, afirmou ao Estadão.

“Normalmente esse torcedor não paga ingresso na maioria jogos, ou o ingresso é muito mais barato, portanto ele se sente no dever de ir para apoiar, se sente parte inserida do projeto, é um ambiente de ginásio, está em contato mais direto”, completou Palaia, que foi diretor executivo do Osasco Voleibol Clube por cinco anos, entre 2015 e 2020.

Vale lembrar que os 17 times terão de seguir o protocolo de prevenção à covid-19, que conta com 39 páginas e foi elaborado pela LNB. O documento detalha, por exemplo, que 100% dos indivíduos envolvidos na competição, como jogadores, membros de equipe, árbitros e colaboradores, precisam estar vacinados. Existe apenas uma exceção para aceitação dos não vacinados: se o clube comprovar que o atleta está em uma faixa etária que ainda não foi alcançada pelo cronograma do município.

A fórmula de disputa será com turno e returno, com 32 jogos para cada equipe na primeira fase. Os quatro primeiros se classificam diretamente para os playoffs. Os times posicionados do quinto até 12º lugar se enfrentam em uma série melhor de três para definição das quartas de final. A LNB definiu que não vai existir rebaixamento. O União Corinthians, de Santa Cruz do Sul (RS), é uma das novidades desta temporada ao lado de Rio Claro, que voltou ao NBB. As transmissões serão toda semana pela TV Cultura (sábado) e ESPN (terça-feira).

TÉCNICO DA SELEÇÃO – Com sua temporada inicial em 2008-2009, o NBB terá pela primeira vez o técnico da seleção brasileira masculina entre os participantes da competição. Gustavo de Conti assumiu o lugar de Aleksandar Petrovic, que nunca trabalhou em uma equipe do torneio. Antes do croata, o Brasil foi comandado pelo espanhol Moncho Monsalve (contratado em 2008) e pelo argentino Rubén Magnano (em 2010), que também foram exclusivos da Confederação Brasileira de Basketball (CBB).

“A minha presença (na seleção) é fruto do nosso crescimento interno e, consequentemente, do NBB. Vou ver essas diferenças quando começar. Ainda estou conseguindo separar. Conversei bastante com o Lula (Ferreira), que passou por isso anos atrás. Vamos descobrir (possíveis diferenças) ao longo da temporada. Quando estiver com o Flamengo espero fazer o melhor para o Flamengo e, quando estiver na seleção, fazer o melhor pela seleção”, afirmou Gustavinho ao ser questionado pelo Estadão, citando o hoje supervisor de Franca, que era o técnico da seleção antes de Moncho Monsalve.


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