O empresário Nayib Bukele assumiu neste sábado o cargo de presidente de El Salvador para um mandato de cinco anos, durante uma sessão da Assembleia Legislativa celebrada na praça Gerardo Barrios da capital do país, com o desafio de transformar o país.

Bukele, de 37 anos, prestou juramento ao presidente da Assembleia, Norman Quijano, e foi muito aplaudido pela multidão de cerca de 10 mil pessoas.

Sua esposa, Gabriela Rodríguez, segurou a Bíblia sobre a qual ele prestou juramento.

“Serei presidente de cada um dos salvadorenhos”, afirmou Bukele em seu discurso. “Nosso país é como uma criança doente, cabe a nós todos cuidar deles”, declarou.

Também fez um apelo ao povo por união e alertou que o país enfrentará “momentos difíceis”, mas assegurou que tomará “decisões com coragem”.

A cerimônia de posse contou com as presenças dos presidentes Jimmy Morales (Guatemala), Carlos Alvarado (Costa Rica), Juan Carlos Varela (Panamá), Danilo Medina (República Dominicana) e Evo Morales (Bolívia).

O governo dos Estados Unidos foi representado pelo secretário de Comércio, Wilbur Ross, enquanto a China enviou o vice-chanceler Qin Gang.

Ao todo, delegações de 83 países estavam presentes.

– Desafio migratório –

Frear a migração de salvadorenhos para os Estados Unidos é uma das principais missões do mandatário – cujo pai, Armando Bukele Kattan, já falecido, foi presidente da Associação Islâmica Árabe Salvadorenha, da qual foi imã.

Estimativas oficiais apontam que uma média de 200 salvadorenhos emigram diariamente sem documentação regular para os EUA. Em 2018, pouco mais de 3 mil salvadorenhos marcharam em caravanas para o país.

Para o analista Mauricio Choussy, Bukele abre uma nova era, deixando para trás a chamada alternância política entre direita e esquerda. Assim, “a democracia se fortalece”.

O novo presidente rompeu o bipartidarismo da Aliança Republicana Nacionalista (Arena, 1989-2009, de direita) e da Frente Farabundo Martí para a Libertação Nacional (FMLN, 2009-2014, de esquerda). Os partidos assinaram os acordos de paz de 1992 que deram fim a 12 anos de guerra civil.

Bukele, um ex-prefeito de San Salvador, tem como prioridade em sua gestão de cinco anos conter as gangues, ou maras, que recrutam jovens e vivem da extorsão e da venda de drogas.

El Salvador continua sendo um dos países sem guerra mais violentos do mundo, com uma média de 51 homicídios por 100.000 habitantes em 2018, em grande parte atribuídos a gangues que têm cerca de 70 mil membros, dos quais quase 17 mil estão presos.