Centenas de migrantes podem estar desaparecidos após um naufrágio nesta sexta-feira de um barco perto da costa de Creta, onde uma grande operação de resgate prosseguia, anunciou o governo da Grécia.

Também nesta sexta-feira, a Marinha líbia anunciou que encontrou na véspera 104 corpos de migrantes afogados em suas costas, que poderiam ter sido de vítimas de uma série de naufrágios na última semana.

De acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), o barco naufragou a 75 milhas náuticas ao sul de Creta, procedente do continente africano e com pelo 700 pessoas a bordo.

A polícia portuária grega havia anunciado mais cedo um balanço de quatro mortos e 340 resgatados.

De acordo com a polícia portuária grega, 242 pessoas serão levadas à Itália e 75 ao Egito. O destino dos demais não foi informado até o momento.

Metade do barco de 25 metros de comprimento afundou e o alerta foi emitido por outra embarcação que navegava pela região.

Cinco barcos que estavam na região participam da operação de resgate.

Até o momento, as autoridades não conseguiram descobrir nenhum dado sobre as nacionalidades dos migrantes, nem sobre a origem do barco.

As autoridades gregas mobilizaram dois barcos de patrulha, um avião e um helicóptero para a operação.

Na Líbia, a Marinha anunciou que encontrou na quinta-feira ao menos 104 corpos nas praias de Zuara (oeste), não muito distante da fronteira com a Turquia. As autoridades temem que este número aumente.

O porta-voz da Marinha líbia, o coronel Ayoub Qassem, não confirmou se os corpos encontrados são de migrantes, cujas embarcação naufragam na semana passada na mesma região.

A polícia portuária grega interceptou no dia 27 de maio, também na costa de Creta, uma lancha pilotada por dois supostos traficantes de pessoas, um ucraniano e um egípcio, que transportava 65 sírios, afegãos e paquistaneses.

Atenas não revelou na ocasião se o barco, que saiu da Turquia, de acordo com os passageiros, seguia para a Itália ou havia optado por outro itinerário para chegar à Grécia evitando as patrulhas.

Esta interceptação e o naufrágio dão a entender que estão sendo retomadas as rotas migratórias que haviam sido abandonadas em 2015, quando aumentaram as viagens entre a costa turca e as ilhas gregas do leste do Egeu, sobretudo Lesbos e Quios.

O fluxo migratório para as ilhas do Egeu registrou uma queda considerável depois que uma força naval da Otan foi mobilizada e da entrada em vigor do acordo entre União Europeia e Turquia.

No decorrer do ano, 366 migrantes, entre eles muitas crianças, morreram afogados nesta área do Mar Egeu. O último naufrágio mortal, que deixou cinco vítimas, quatro mulheres e uma criança, aconteceu no início de abril perto da ilha de Samos.

O pacto UE-Turquia prevê que Ancara reforce a luta contra o tráfico de migrantes na costa turca em troca de apoio político e financeiro europeu. Também determina que os migrantes que chegam à Grécia por esta via desde 20 de março devem ser reenviados para a Turquia, incluindo os sírios que solicitam asilo.

Antes do êxodo para as ilhas gregas, vários barcos de migrantes haviam sido interceptados ou resgatados nos últimos anos mais ao oeste da Grécia, normalmente quando seguiam para a Itália, procedentes da Turquia ou das costas africanas do Mediterrâneo.

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