Depois de retratar Jesus como homossexual no polêmico especial de Natal de 2019, “A Primeira Tentação de Cristo”, o Porta dos Fundos agora mira na paródia política com “Teocracia em Vertigem”, óbvia referência a “Democracia em Vertigem”, de Petra Costa, documentário que concorreu ao Oscar em 2020. Cada vez mais politizado, o grupo humorístico pretende mostrar “a verdadeira história por trás do golpe que levou à crucificação de Jesus Cristo”. Qualquer semelhança com o processo de impeachment sofrido pela ex-presidente Dilma Rousseff não é mera coincidência. O mais interessante aqui é o estilo de narrativa: um formato de documentário com mais de vinte depoimentos individuais de personagens bíblicos que falam como brasileiros dos dias de hoje, sempre com um único ator em cena, o que permitiu que a produção fosse realizada mesmo durante a pandemia. Há boas participações especiais, como Emicida e da própria Petra Costa. O roteiro de Fábio Porchat, que também interpreta Jesus, é afiado e pleno de referências. Por outro lado, apesar de divertidas, as entrevistas são longas e prejudicam o ritmo do filme.

Divulgação

Mais que provocar sorrisos, o especial do Porta dos Fundos tem como grande objetivo fazer crítica política. E isso ele faz.

Eles gostam de polêmica

Se em 2019 o especial de Natal levou o Porta dos Fundos a ser alvo de um atentado e uma ação na Justiça, agora a polêmica deve ser menor. Por via da dúvidas, a Netflix preferiu não arriscar: a nova produção dirigida por Rodrigo Van Der Put só será exibida no canal do grupo no Youtube, onde eles surgiram e ficaram famosos, e na PlutoTV, nova plataforma gratuita de streaming da Viacom, proprietária da produtora. De qualquer maneira, a audiência está garantida: só no Youtube, o grupo formado por Antonio Tabet, João Vicente de Castro, Ian SBF, Gregório Duvivier e Fábio Porchat (foto, da esq. para dir.), entre outros, tem 16,7 milhões de inscritos.


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