Diz a lenda que Jingle Bells foi apresentada pela primeira vez em 1850 no vilarejo de Medford, perto de Boston, nos EUA. O compositor, James Lord Pierpont, queria homenagear a corrida anual de trenós. A canção foi registrada oficialmente em 1857 como One Horse Open Sleigh (Um cavalo puxa o trenó), mas os habitantes da cidade já estavam acostumados a chamá-la de “Jingle Bells”, graças ao refrão marcante.

O repertório de Natal foi criado há gerações, mas novos artistas contribuem para que a tradição não caia no esquecimento. Isso não é exclusividade de Mariah Carey, cuja regravação de All I Want for Christma is You, em 1994, tornou-se o maior hit natalino da história. Músicos jovens de jazz querem mostrar que o gênero está vivo – e pode até ser reinventado. Em sua estreia, em 1999, o britânico Jamie Cullum surpreendeu a todos com o álbum Heard it All Before, bastante maduro para um pianista de apenas vinte anos. Hoje, aos 42, ele lança The Pianoman at Christmas, álbum com duas canções originais e onze versões, entre elas Sleigh Ride, escrita por Leroy Anderson em 1948, e Amazing Grace, hino composto pelo clérigo anglicano John Newton em 1772.

“A época das festas de fim de ano carrega um ar de nostalgia que eu queria resgatar” Norah Jones, cantora (Crédito:Divulgação)

Para soar como as big bands do passado, Cullum contratou uma orquestra enorme, com 57 músicos. “Sou fascinado pelo impacto emocional que essas músicas têm sobre as pessoas”, afirmou o artista à ISTOÉ. “Quando chega o fim de ano, as pessoas estão ansiosas para ouvir arranjos orquestrados, querem se emocionar com eles. A verdade é que essas composições estão conosco até hoje porque são excelentes. É por isso que eu também quis contribuir com o estilo.” Cullum conta que o Natal de sua infância tinha um caráter global. “Minha família é bem normal, mas temos parentes espalhados pelo mundo. Apesar de gente que vem da Índia e de Jerusalém, hindus e judeus, sempre tivemos uma festa cristã, com árvore de Natal, presentes, peru. Tento passar isso para meus filhos.”

A cantora Norah Jones, americana de ascendência indiana, também faz sua homenagem. Em seu novo álbum, “I Dream of Christmas”, ela recria canções como White Christmas e Winter Wonderland, além de composições originais inspiradas pela estação. “Meu gosto por esse repertório é recente. Passei o ano da pandemia ouvindo músicas de Natal aos domingos para encontrar conforto para o coração. Dedicar um álbum inteiro ao tema simbolizou o espírito que eu buscava”, afirma a cantora. Apesar de ser filha do famoso músico Ravi Shankar, que tocou com os Beatles, ela não guarda uma infância musical do período de festas. “Só passei a conviver com ele aos 18 anos. Nunca passei Natal com meu pai, éramos apenas eu e minha mãe. Ouvíamos essas músicas no rádio e nas grandes lojas, estava no ar. A época das festas de fim de ano carrega um ar de nostalgia que eu queria resgatar.”