Nasa detecta maior evidência de vida passada em Marte

MILÃO, 10 SET (ANSA) – O robô Perseverance, da Nasa, descobriu potenciais indícios de vida microbiana passada no planeta Marte.   

Segundo um estudo publicado na revista Nature por uma equipe internacional, que inclui pesquisadores do Instituto Nacional de Astrofísica da Itália (Inaf), trata-se de insólitos minerais orgânicos que podem ser compatíveis com processos biológicos.   

Tais elementos, de acordo com os cientistas, são considerados como “potenciais bioassinaturas” dignas de uma investigação mais aprofundada para determinar se surgiram em função da possível existência de vida passada no planeta vermelho.   

Os materiais foram detectados em uma amostragem de rochas argilosas feita pelo Perseverance em 2024 em Neretva Vallis, um antigo canal fluvial que levava água para a cratera Jezero, principal foco da exploração do robô.   

A análise das amostras, batizadas como “Sapphire Canyon” (“Cânion Safira”) e “Masonic Temple (“Templo Maçônico”), indica a presença de minúsculas partículas enriquecidas com fosfato de ferro e sulfeto de ferro, conhecidas como “sementes de papoula” e “manchas de leopardo”, associadas a carbono orgânico, um componente essencial da vida.   

Na Terra, esses compostos químicos são os subprodutos da transformação de matéria por microrganismos, como em lagos sem oxigênio na Antártida, onde micróbios utilizam compostos de ferro e enxofre para “respirar”, convertendo sulfatos (enxofre oxidado) em sulfetos (enxofre com outros elementos).   

“Este pode ser o traço mais claro de vida que já vimos em Marte”, disse o administrador interino da Nasa, Sean Duffy, em coletiva de imprensa.   

Segundo os pesquisadores, a presença dessas substâncias em tal contexto sedimentar corrobora a classificação como “potenciais bioassinaturas”, que precisarão ser investigadas mais a fundo para descartar origens puramente geoquímicas.   

O Perseverance desembarcou em Marte em 2021 e não está equipado para detectar vida, e amostras terão de ser analisadas em um laboratório na Terra para se chegar a conclusões mais definitivas.   

Inicialmente, a Nasa planejava enviar uma missão para coletar esses objetos no início da próxima década, mas os custos bilionários adiaram os planos para os anos 2040.   

“A descoberta de uma possível bioassinatura em Marte tem implicações profundas para a busca por vida marciana, mas também requer cautela e muita pesquisa adicional antes que possamos afirmar que existiu vida no planeta em algum momento”, explicou Alberto González Fairén, coautor do estudo, ao jornal espanhol El País. (ANSA).