Assim como em outros países do mundo, os prisioneiros da Indonésia, forçados a dormir amontoados no chão de celas sem janelas nem ventilação, temem que a chegada do novo coronavírus se torne um “desastre”.

“Se o vírus entrar na prisão, será um terreno fértil”, diz Brett Savage, um sul-africano encarcerado no presídio de Kerobokan, conhecido como “Hotel K”, na ilha indonésia de Bali, onde 1.500 pessoas ocupam blocos projetados para abrigas apenas 350.

A superlotação, a falta de ventilação e as más condições sanitárias favorecem doenças contagiosas como a COVID-19, que é uma das preocupações nas prisões de todo o mundo.

Nos presídios, é quase impossível aplicar as medidas de distanciamento recomendadas pelos governos e pela OMS ou até mesmo lavar as mãos com frequência.

“A maioria das pessoas não tem nem ideia de higiene básica, muitos assoam o nariz e cospem em todos os lugares”, afirmou Savage à AFP. “Se não conseguem controlar a epidemia lá fora, como farão quando chegar nas prisões?”, questiona.

Nos Estados Unidos, os prisioneiros foram confinados em suas celas e as transferências foram suspensas após dezenas de casos de contágio. Vários estados estão analisando a possibilidade de liberar os presos não-violentos.

Na Indonésia há oficialmente 1.800 pessoas infectadas e 170 mortos, mas os especialistas acreditam que os números podem ser muito mais altos neste país de mais de 260 milhões de habitantes.

As autoridades liberaram mais de 30.000 prisioneiros e proibiram as visitas familiares, mas ainda assim os presídios continuam sobrecarregados.

– Liberações antecipadas –

As Filipinas, onde os presídios abrigam cinco vezes mais prisioneiros do que sua capacidade, decidiram não aplicar as liberações antecipadas, apesar do apelo de várias ONGs.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha alerta que a mortalidade pelo coronavírus nas prisões poderia ser superior à da média, devido às más condições sanitárias.

No Paquistão, as autoridades tentam conter um surto de 49 casos no presídio de Lahore, onde um prisioneiro que chegou da Itália testou positivo em março.

No vizinho Afeganistão, o presidente decretou a liberação das prisões de 10.000 mulheres, jovens, doentes e idosos para “preservar a saúde do povo”, mas até o momento saíram apenas algumas centenas.

A Índia também liberou milhares de prisioneiros, depois que o Tribunal Supremo recomendou fazê-lo para aqueles que aguardam o julgamento por crimes com sentenças de sete anos ou menos.

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