27/06/2019 - 18:47
Alexandre Nardoni, Cristian Cravinhos, Guilherme Longo, Mizael Bispo, Carlos Hasegawa, Lindenberg Alves e Gil Rugai deixaram Penitenciária II de Tremembé nesta quarta, 26, para participar de uma audiência conjunta no Departamento Estadual de Execução Criminal de São José dos Campos, no Vale do Paraíba, São Paulo. A oitiva foi determinada pela juíza Sueli Zeraik no âmbito de supostas irregularidades atribuídas ao ex-prefeito de Ferraz de Vasconcelos Acir Filló na produção de seu livro “Diário de Tremembé – O presídio dos famosos”. O próprio Filló também cumpre temporada na prisão.
Uma imagem que retrata os “famosos” do presídio de Tremembé todos reunidos no fórum de São José dos Campos circula nas redes sociais.
A audiência foi marcada no último dia 13, em decisão no âmbito de um pedido de entrevista formulado por Filló no início do mês. Na ocasião, a magistrada Sueli Zeraik indeferiu a solicitação do detento “em face de ponderações do Diretor da unidade prisional”.
Segundo a juíza, o relato do diretor indicou que o conteúdo do “Diário de Tremembé – O presídio dos famosos” estaria causando “comoção entre os presos”, “refletindo de maneira negativa no ambiente prisional e gerando instabilidade instauração de procedimento para apuração de infração”.
Ao indeferir o pedido do ex-prefeito de Ferraz, Sueli apontou que o conteúdo sobre os presos citados “carece de fidedignidade, de legitimação, e de necessária autorização para divulgação ou exposição pública dos indivíduos”.
“Acrescente-se que todos estão sob a custódia do Estado, que portanto deve assegurar-lhes o direito à privacidade, nele abrangido o direito à intimidade, à honra e à imagem, a teor do disposto no inciso X do artigo 5º da Constituição Federal”, assinalou a magistrada.
Ela considerou que haveria irregularidade na conduta de Filló e determinou a instauração de um procedimento para “apuração de infração de acordo com tais fatos”.
O ex-prefeito foi preso em abril de 2017 após investigações do Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), braço do Ministério Público, apontarem licitações irregulares que teriam lesado os cofres públicos em pelo menos R$ 15 milhões. Ele responde por 9 ações criminais e 18 processos por improbidade.
Os detentos ‘famosos’
O ex-policial militar Mizael Bispo dos Santos foi condenado em 2013 a 20 anos de prisão em regime fechado pelo assassinato da ex-namorada, a advogada Mércia Nakashima, em maio de 2010.
Já o motoboy Lindemberg Alves, de 25 anos, foi condenado a 98 anos e 10 meses de prisão por matar a ex-namorada Eloá Cristina Pimentel, de 15, e por outros 11 crimes, em outubro de 2008.
Alexandre Nardoni foi sentenciado a 30 anos e dois meses de detenção por matar a filha Isabella que tinha 5 anos quando foi jogada do 6º andar do prédio onde morava. Em abril a Justiça concedeu a Alexandre, preso há 11 anos na Penitenciária de Tremembé, progressão de pena para o regime semiaberto.
Guilherme Longo foi extraditado da Espanha em janeiro de 2018, a pedido do governo brasileiro, para responder pelo assassinato de Joaquim Pontes Marques, seu enteado de três anos.
Cristian Cravinhos foi condenado a 38 anos e 6 meses de prisão pela morte do casal Marísia e Manfred von Richthofen, em 2002, em São Paulo. Ele, seu irmão Daniel e a namorada Suzane von Richthofen, filha do casal, planejaram e executaram o assassinato do casal na casa da família.
Publicitário e ex-seminarista, Gil Rugai foi condenado a 33 anos e nove meses de prisão pelo assassinato do pai e da madrasta em Perdizes, na zona oeste de São Paulo em 28 de março de 2004.
O empresário Carlos Sussumu Hasegawa está preso preventivamente por ordem da Justiça Estadual desde 2016 por supostos crimes de extorsão e quadrilha armada. Ele responde a processos por sonegação estadual e federal em São Paulo e no Rio, que, segundo os investigadores, somam R$ 566 milhões.
O livro
A descrição apresentada no site do livro indica que o mesmo tem “inéditos relatos sobre os midiáticos crimes” cometidos pelos detentos ouvidos nesta quarta e outros como Róger Abdelmassih. A publicação de Acir tem 360 páginas e é comercializada por R$ 59,90.
Durante a divulgação do “Diário do Tremembé” foram encaminhados à imprensa termos de autorização de uso de imagem assinados por detentos retratados no livro, entre eles Mizael Bispo e Cristian Cravinhos.