O banco Carrefour já trabalha totalmente em squads – forma de organizar o trabalho em pequenos grupos que começou nos anos 2000, com a startup sueca Spotify, de serviço de streaming de música, e virou referência no mundo da administração por causa dos ganhos de produtividade alcançados. A decisão foi tomada no final de 2018. “Não viramos a chave do dia para a noite”, frisa o presidente, Carlos Mauad, que começou a estudar a necessidade de mudanças um ano atrás.

Ele pondera que nem tudo é uma maravilha nessa nova forma de trabalho e que ainda hoje conta com serviço de consultoria para consolidar a transição do modelo antigo para o novo, especialmente para mudar a cultura da companhia.

Nos 14 grupos em funcionamento no banco, as entregas de produtos, serviços e soluções que vão influenciar a vida do cliente ocorrem a cada 15 dias. A partir desses resultados, são feitos os ajustes necessários. “É um instrumento muito poderoso”, diz Mauad. Segundo ele, os resultados financeiros atingidos no segundo trimestre deste ano pelo banco refletem também essa mudança. A carteira de crédito geral de R$ 9,5 bilhões cresceu 36% e o faturamento do cartão de crédito da bandeira Carrefour avançou 20,8% no período, com recorde de adesão de clientes.

A Dotz, empresa especializada em programas de fidelidade do varejo, também ampliou em 20% as vendas e o número de clientes ativos por conta dessa nova forma de trabalho. Roberto Chade, presidente da empresa, conta que começou a trabalhar em squads no segundo semestre de 2017 voltado inicialmente para o marketplace da empresa. Ele reconhece que a implantação dessa nova forma de trabalho não é simples. “A gente já errou bastante.” Mas uma das vantagens é que os projetos vão se ajustando gradativamente. Além disso, os prazos de entrega das soluções novas para problemas são muito curtos. Com seis squads em operação, o prazo passou de quatro meses para menos de 30 dias.

O consumidor está mudando muito mais rápido do que as empresas. O consultor da K21, Carlos Felipe Cardoso, compara o momento atual das companhias tradicionais a transatlânticos, que tentam se tornar mais ágeis para não morrer. Ele lembra a frase de Klaus Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial: “não serão os grandes peixes que irão ‘papar’ os peixes pequenos, e sim os peixes mais rápidos que irão engolir os peixes mais lentos”.