Não vejo uma orquestração para manipular a opinião pública, diz autor de trilogia sobre história da Rede Globo

Foto: Studio H Fotografia/ Divulgação Grupo Autêntica
Ernesto Rodrigues, autor de trilogia sobre história da Rede Globo Foto: Foto: Studio H Fotografia/ Divulgação Grupo Autêntica

Em entrevista à Folha de S.Paulo, Ernesto Rodrigues, diz acreditar que a Globo foi mais espelho do Brasil, tanto na dramaturgia, quanto no noticiário, que um Grande Irmão que tentou dominar a mente dos brasileiros. Rodrigues acaba de lançar o primeiro volume de uma trilogia que conta a história da Rede Globo.

“Não é só um caminho de mão única, ou seja, a Globo julgando a informação e inundando o país. Ela fez isso ao longo dos anos, com uma leitura do que o povo estava jogando para dentro dela, mas não concordo com a visão de que havia uma espécie de conspiração ‘vamos controlar a opinião pública brasileira, direcionar só esse tipo de conteúdo, porque conseguimos controlar a população’. Acho essa leitura maquiavélica. O que existia e continua existindo eram profissionais de jornalismo e de dramaturgia tentando fazer conteúdos que pudessem agradar a população, porque televisão só existe se tiver grande público”, disse ele à Folha.

Na entrevista ao repórter Eduardo Sombini, Rodrigues diz não acreditar em isenção no jornalismo, conteudo, vê um esforço sincero para apresentar as várias interpretações de um acontecimento como o melhor caminho.

O primeiro livro, com o título ‘Hegemonia: 1964-1985’ (GrupoAutêntica), traz fatos como o enrolado acordo com a Time-Life, que foi alvo de uma CPI, o alinhamento de Roberto Marinho, fundador do grupo, com a ditadura militar, e a parcialidade em algumas coberturas históricas, como a greve do ABC e ato ícone da campanha das Diretas Já, o Comício da Praça da Sé em 25 janeiro de 1984.

Não vejo uma orquestração para manipular a opinião pública, diz autor de trilogia sobre história da Rede Globo

Para narras a história de quase 60 anos da Rede Globo, Ernesto Rodrigues se baseia, principalmente, em depoimentos do acervo institucional da emissora.

O autor trabalhou no jornalismo da Globo por 14 anos. Ele também assina as biografias de Ayrton Senna e João Havelange, além de ter dirigido documentários de sua produtora.