A ministra da Igualdade Racial do Brasil, Anielle Franco, irmã de Marielle Franco, afirmou na manhã desta quinta-feira, 31, que não cabe a ela ou aos familiares perdoar Ronnie Lessa. Durante seu depoimento no primeiro dia de julgamento, na quinta-feira, 30, o ex-policial militar pediu desculpas pela morte da vereadora e do motorista Anderson Gomes.

Assim que chegou ao TJRJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro), Anielle disse aos jornalistas que “assim como Luyara (filha de Marielle) e a minha mãe, fomos ensinadas a sermos cristãs. Acho que não sou eu que tenho de perdoá-lo. Ele tem que ser perdoado por qualquer religião que ele tenha, mas é difícil falar de perdão e de sentimento quando a gente não tem a Mari aqui”.

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Ela ainda destacou que a família ficou abalada com os depoimentos do primeiro dia de julgamento, que contou com os relatos da ex-assessora parlamentar Fernanda Chaves (sobrevivente do ataque), da mãe de Marielle, da viúva Mônica Benício e de Ágatha Arnaus, viúva de Anderson Gomes.

“Um dia em que a gente reviveu tudo e falamos isso quando saímos daqui. Cada vídeo, cada áudio, tudo marca a gente”, completou a ministra.

Em depoimento, Ronnie Lessa afirmou que a vereadora havia se tornado uma “pedra no caminho” dos mandantes do assassinato e chegou a pedir desculpas aos familiares. “Eu gostaria de aproveitar a oportunidade e com absoluta sinceridade e arrependimento pedir perdão às famílias do Anderson, da Marielle e a minha própria, a dona Fernanda e a toda sociedade pelos fatídicos atos que nos trazem aqui”, disse.

“Como eu disse anteriormente, eu fiquei cego mesmo, louco atrás desse (…) a minha parte era R$ 25 milhões. Então eu podia falar assim: ‘É o Papa’ e eu ia matar o Papa porque eu fiquei louco atrás daquilo ali”, acrescentou.

A família de Marielle ficou bastante abalada com as falas do ex-policial militar, tanto que Luyara passou mal e teve de deixar a audiência por cerca de uma hora. A viúva de Anderson Gomes chorou quando Lessa afirmou que não pretendia matar o motorista.