O faxineiro Edmilson Costa de Oliveira, de 33 anos, foi impedido de usar o elevador social da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, pela coordenadora-geral de Planejamento e Administração, Tânia Pacheco. Ela teria dito para o funcionário usar o elevador de serviço, que tem paredes revestidas.

Para Edmilson, ele foi alvo de racismo e o caso, que ocorreu no dia 10 de janeiro, é investigado pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância.

Em entrevista ao UOL, o faxineiro contou que a única restrição que o impedia de usar o elevador social era se ele estivesse carregando produtos de limpeza, como não era o caso ele decidiu usar o elevador social.

“Tinha acabado de sair [da limpeza] do banheiro para fazer minha última tarefa de serviço. Foi quando eu entrei no elevador. Estava no térreo, ia para o segundo andar para pegar o elevador até o armazém dos livros. Entrei e escutei uma voz: ‘Ei, ei, psiu, psiu, sai, sai, sai.’ Eu achei que não era comigo. ‘Está falando comigo? Para eu sair do elevador?’ ‘Você mesmo. Sai, sai, sai. Bora! Seu elevador é o outro. Você não pode usar esse elevador aí não”, disse ao Uol.

Edmilson relata que questionou Tânia sobre o motivo dela querer que ele saísse do elevador. “Eu sou diferente de algumas das pessoas aqui? Eu sou diferente de você que eu não possa usufruir desse elevador? Pelo que sei, aqui só não pode subir com materiais [de limpeza]’.E ela [Tânia Pacheco]: ‘Não, você tem de usar o outro elevador, esse elevador não é o seu’. ‘Mas como assim? Eu estou aqui há oito meses e não vai ser a senhora agora que vai me mandar sair desse jeito aqui. Eu não sou cachorro para a senhora estar fazendo psiu para mim”, afirmou Edmilson .

“Foi um constrangimento muito, muito sério. Cheguei até a passar mal. Isso não é admissível, ainda mais para uma chefe de trabalho. Eu sou negro, sou de família negra. Minha esposa é negra. Isso aí é inadmissível. […] Na minha cabeça, [Tânia Pacheco falou para usar o outro elevador] porque ele tem proteção nas paredes, para não sujar. Eu fui discriminado, levei como racismo pela minha cor e pelo uniforme que eu estava usando”, relatou o funcionário ao Uol.

Edmilson, que mora em um bairro no subúrbio do Rio de Janeiro, é casado e pai de uma filha. Na época do caso, ele cumpria aviso prévio na Riolimp, uma empresa terceirizada que presta serviços para a Biblioteca Nacional. Após o incidente, a empresa determinou que o período restante fosse completado em uma faculdade da Baixada Fluminense.

Em nota, a Biblioteca Nacional negou que tenha ocorrido qualquer ato discriminatório nas dependências da instituição.