‘Não soltem nossa mão’, pede chanceler colombiana na ONU

“Não soltem nossa mão”, pediu, nesta terça-feira (22), a ministra das Relações Exteriores da Colômbia, Laura Sarabia, ao Conselho de Segurança da ONU, em meio à preocupação com o aumento da violência no país, que ameaça os acordos de paz.

“Sua ajuda contínua pode tornar possível o que muitos acreditavam ser impossível: consolidar a Colômbia como um verdadeiro laboratório de paz para o mundo inteiro”, disse a chanceler colombiana, em sua estreia multilateral para analisar os avanços dos Acordos de Paz de 2016 realizados nos últimos três meses.

“Ainda temos dívidas pendentes e desafios”, mas a ministra deixou claro que o governo de Gustavo Petro está comprometido com o cumprimento destes acordos, apesar do recrudescimento da violência em regiões como Catacumbo (nordeste), onde em 15 de janeiro o Exército de Libertação Nacional (ELN) lançou uma ofensiva contra uma dissidência das antigas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exército do Povo (FARC-EP).

“Cumprir o acordo de paz não é um gesto simbólico para o nosso país, é um dever do Estado e uma prioridade deste governo, respaldada pela maioria da cidadania”, lembrou aos 15 membros do Conselho de Segurança, muito atentos à evolução da situação colombiana, em um mundo onde os conflitos armados se agravam e aumentam.

Apesar da insegurança, a Colômbia “é hoje um país mudado em comparação com os anos anteriores à assinatura do Acordo”, lembrou, por sua vez, o enviado da ONU para a verificação dos Acordos de Paz, Carlos Ruiz Massieu.

Cerca de 12.000 ex-guerrilheiros (27% mulheres) que depuseram as armas segundo o acordo seguem “ativamente implicados no processo de reintegração”, embora 23 deles tenham sido assassinados desde o começo do ano, lembrou.

Ruiz Massieu reiterou a necessidade de que o Estado esteja presente nas regiões onde atores armados disputam o controle das atividades ilícitas, como o narcotráfico, o que tem provocado deslocamento e confinamento, assassinatos de líderes sociais e ex-combatentes e um aumento do recrutamento de menores.

“A Colômbia quer que seja a institucionalidade da paz e não o poder das armas que ordene nossa sociedade”, resumiu a ministra.

“Temos desafios, os avanços não têm acontecido no ritmo que gostaríamos, a ideia é que possamos avançar muito mais rápido, mas sozinhos não conseguimos, precisamos do apoio da comunidade internacional, apoio do Conselho de Segurança, e (…) construir um plano de trabalho para que nas próximas reuniões haja resultados tangíveis e concretos”, disse a ministra ao final de uma reunião com a imprensa.

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