Descendente de suíços e italianos, Igor Rickli, nasceu na cidade de Ponta Grossa, interior do Paraná. Ele começou a fazer teatro ainda criança, aos seis anos, na igreja evangélica que sua família frequentava, e, na adolescência, começou a produzir seus próprios espetáculos, até que, com dezoito anos, resolveu se profissionalizar na arte de representar. Igor saiu de Ponta Grossa pela primeira vez aos 18 anos em busca do sucesso no meio artístico. Em 2006, mudou-se para o Rio de Janeiro, atrás do sonho de se tornar ator e conseguiu, tendo trabalhado na TV Globo e, atualmente, como contratado da Record. Na noite da quarta-feira (8) o ator participou de live da IstoÉ Gente.

Entrevistado pelo jornalista Rafael Ferreira, ele contou sobre o assalto que foi vítima, em casa, ao lado da esposa, a cantora Aline Wirley, em junho. Os criminosos levaram os celulares do casal e passaram a aplicar golpes nos contatos deles.

No bate-papo, ele também falou sobre os contratempos que teve em março para deixar Marrocos quando a pandemia do novo coronavírus começou a varrer o mundo. Ele estava no norte da África, ao lado de outros colegas de trabalho, para gravar a nova novela da Record, Gênesis. A emissora fretou um voo para retirar a equipe do país africano, porém, na mesma data, 19 de março, o governo marroquino tinha decretado a suspensão de todos os voos internacionais. “Foi um caos. A gente não conseguia embarcar e as notícias locais davam conta que a gente teria que ficar por lá dois meses. Foi uma loucura”, disse.

“Pior que acho que voltei contaminado. Tive todos os sintomas como perda de olfato, do paladar. Não estava sentindo o cheiro das coisas. Me achei irresponsável por voltar pra casa”, relembra. “Foi tudo assustador, não tive tempo sequer para pensar. Mas ainda bem que está tudo bem. Cumpri o isolamento total para protegê-los”, afirmou. “Fiquei com muito medo de morrer. Tive pânico”, diz.

Na conversa, o ator ainda contou sobre o episódio de racismo que sofreu enquanto a família almoçava em um restaurante na zona sul do Rio de Janeiro. “O branco tem que entender que não pode subjugar. A gente não é preto ou branco. Somos humanos”, diz. Numa avaliação geral, Igor disse: “Estou esperando o tempo me ajudar. Por ora, estou em carne viva”, reflete. “Eu acredito que isso tudo, de alguma forma, vai trazer grandes ensinamentos. Estou muito mexido”, avalia.

Apesar da imersão nos dissabores da vida, a entrevista não é baixo astral e Igor se solta e fala sobre transformações e mudanças de comportamento de vida. Divertido, ele faz profundas reflexões humanas quando fala de religião, racismo, do pós-pandemia ou da profissão e faz um mergulho nas entranhas da sociedade. “Não sei de mais nada. Só quero realmente poder ser útil na medida do possível e aprender alguma coisa nova”, diz. “Tudo isso me mudou profundamente. Não dá para passar pelas pessoas da mesma forma que passávamos antes, com a mesma indiferença pela dor do outro”, filosofa. “Não nos cabe mais  a vida como vivíamos. Tem muitas coisas que são nocivas, julgamentos, ou seja, estamos todos juntos e de alguma forma a gente vai ter que entender esse nosso nosso rolê deu ruim.”

Igor também comentou sobre a Record, emissora onde já estrelou diversas novelas. “Tudo que vivi até hoje foi muito especial. Hoje, sou feliz e grato demais por trabalhar ali, me sinto completamente respeitado, abraçado. É um lugar onde as pessoas trabalham simplesmente porque são profissionais, não existe aquela egolândia, aonde você tem que provar que é melhor, que você tem mais dinheiro, que você tem mais beleza, que você tem mais ou menos seguidores… a Record me proporcionar esse lugar de trabalho de me aprimorar como profissional, como artista, como comunicador”, avalia.

Aos 36 anos, Igor diz na live que não tem nenhuma religião, mas que já foi evangélico – ele já representou cinco vezes Jesus na carreira, entre o teatro e novelas. “Sou a minha religião, o amor. Procuro olhar para o amor como uma filosofia”, afirmou. “Gosto muito de espiritualidade, de estudar sobre isso. Então, respeito todas as religiões. Acho que tudo isso que está acontecendo no mundo é um convite para descobrirmos o nosso papel de transformadores, porque a nossa fé está muito abalada. O homem está precisando ficar em paz. Não tenho mais condições de caminhar dessa forma”. Igor quer se reinventar. “Não sei se quero mais ser ator. Não tem mais sentido. Quero mais”, finaliza.