O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, defendeu, nesta quinta-feira (3), a condenação de 16 anos de prisão por “conspiração” contra seis ativistas detidos em 2022, quando o país vivenciava protestos multitudinários por direitos trabalhistas.

“Não são líderes sindicais”, disse Saab em pronunciamento à imprensa. “Por que colocar a roupagem de líderes sindicais em pessoas que foram detidas por ações conspiratórias?”, questionou.

Alcides Bracho, Reynaldo Cortés, Alfonzo Meléndez, Néstor Astudillo, Gabriel Blanco e Emilio Negrín foram presos em julho de 2022, em meio à onda de manifestações por causa de baixos salários e más condições de trabalho no serviço público.

Eles foram sentenciados na terça pelos crimes de “conspiração” e “associação criminosa”, uma condenação que organizações de defesa dos direitos humanos tacharam de “arbitrária” e denunciaram como uma represália por sua participação nos protestos sindicais.

“Agiram como membros de uma estrutura criminosa, não como membros de um sindicato”, disse Saab, que relatou que os mesmos sequer eram “trabalhadores ativos”.

O funcionário vinculou os condenados a “um grupo clandestino” e a “um militar desertor, foragido na Colômbia”, Angelo Heredia, capitão da Guarda Nacional que fugiu de uma prisão militar em 2019, onde estava detido desde 2017 por acusações de rebelião e instigação à rebelião.

Saab assegurou ter tratado do caso durante reunião com representantes do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos (Anudh) na sede do Ministério Público: “Devo dizer que os representantes das Nações Unidas ficaram satisfeitos com a explicação apresentada.”

O procurador-geral disse que os condenados participaram dos planos para “atacar” um quartel militar no estado de Mérida (oeste), com o objetivo de roubar armamento e realizar “atos de sabotagem”.

Saab acrescentou que as autoridades apreenderam uma arma de fogo na residência de um dos detidos, Bracho, a quem identificou como “líder da organização”, acusando-o de receber ordens e financiamento de Heredia.

A ONG Fórum Penal contabiliza em mais de 280 os “presos políticos” na Venezuela, o que foi rechaçado por Saab.

“É impressionante ver como pessoas que atentam contra a democracia […] são depois apresentadas como presos de consciência, como perseguidos políticos”, declarou o procurador-geral.

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