O grupo Detonautas Roque Clube participou da live da IstoÉ Gente na última sexta-feira (17). Na entrevista ao repórter Rafael Ferreira, o quinteto foi representado pelo vocalista Tico Santa Cruz, o baterista Fábio Brasil e o guitarrista Renato Rocha. Na conversa, os integrantes da banda deram uma revistada no passado, falaram do presente, destacando o bom momento que estão vivendo com o novo trabalho, “Álbum Laranja”, e anteciparam projetos. “Vocês vão ver o Detonautas explodir novamente no carnaval do ano que vem com a música Micheque”, diz o líder da banda, Tico Santa Cruz. A canção é uma sátira com depósitos de cheques no valor de R$ 89 mil que teriam sido feitos por Fabrício Queiroz para a então primeira-dama, Michelle Bolsonaro, descobertos em investigação de suposto esquema conhecido por “rachadinha”.

 

Com sucesso incrível nas redes sociais – Micheque entrou para a lista Top 50 mais virais do Spotify ficando na 4ª posição -, a banda, que surgiu em 1997 em grupos nas redes sociais, passou por várias formações e o fato de como ela foi formada repercutiu no seu nome: Detonautas = detonadores + internautas. Com suas músicas de pegadas contestadoras, o grupo, com seis discos gravados, sairá da pandemia muito maior que entrou. Acostumados a serem vistos na casa dos milhares, agora eles batem a marca de mais de 3,6 milhões de visualizações nas redes e mais de 600 mil fãs no próprio canal do youtube. “É a única banda formada totalmente pela rede que faz sucesso no streaming”, afirma Santa Cruz.

 

No bate-papo divertido, a banda reafirmou que as letras de suas canções tratam, irremediavelmente, de política, amor, violência e corrupção, uma preocupação com a cidadania que marca o perfil de luta social e política da banda.”Todo disco do Detonautas sempre tinha músicas com crítica política”, recorda Fábio Brasil. “A crítica política é um espaço que está vazio dentro do rock”, emenda Santa Cruz. O novo trabalho do grupo não fugiu ao estilo. “Albúm Laranja” é uma evidente referência ao momento atual da política brasileira. “Laranja é a marca da galera que está no poder”, conta Santa Cruz. “O governo vive uma guerra contra o próprio país. Parece que eles são inimigos da gente”, avalia Renato Rocha. Na prática, os caras compilaram os singles, lançados desde o início da pandemia e que narram o que tem acontecido no Brasil.

 

Entre as 11 faixas estão “Kit gay”, “Roqueiro Reaça” (música de protesto contra roqueiros conservadores), “Mala Cheia”, “Político de Estimação”, “Carta ao Futuro”, “Racismo é Burrice” e “Fica Bem”. O projeto conta com as participações especiais dos rappers Gigante No Mic e Gabriel O Pensador. “A gente se conectou ao início da banda com baladas de humor e deboche, próprias aos anos 1980”, diz Renato Rocha. “A gente se divertiu horrores fazendo esse disco”, comenta Fábio Brasil.

 

Segundo Tico, o disco servirá como um documento histórico. Na live, os integrantes fizeram várias críticas ao presidente Bolsonaro. Ainda segundo o líder da banda, o Brasil passa por uma guerra e precisa combater a extrema direita, independente de alianças partidárias do mesmo espectro político. “Qualquer pessoa que estiver falando ‘Fora, Bolsonaro’, está do lado civilizatório. Os que defendem o presidente estão no campo da barbárie”, finaliza. “Não quero Bolsonaro morto, também não quero que ele ganhe. Quero ver ele preso”, conclui Santa Cruz.  Os Detonautas já se organizam para lançar futuramente outro álbum com músicas mais introspectivas.