O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou na tarde desta segunda-feira, 19, que não pretende concorrer ao cargo de governador do Estado nas eleições de 2026. O foco, em vez disso, deve ser em disputar uma vaga no Senado Federal pelo Progressistas (PP).
+ Derrite deixa partido de Bolsonaro para lançar candidatura ao Senado em 2026
+ Críticas a Tarcísio por reajuste no salário de policiais chegam à base: ‘Tipo PSDB’
“Literalmente não está (no meu radar). Eu não pretendo concorrer ao cargo de governador do Estado de São Paulo”, disse antes de evento organizado pelo SindHosp e pela FesaudeSP, sindicato e federação, respectivamente, dos hospitais, clínicas e laboratórios do Estado.
O secretário afirmou estar “100% alinhado” com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). “Ele é candidato à reeleição, já falou isso algumas vezes, e, ele sendo candidato à reeleição, estou muito feliz e honrado por ter meu nome, principalmente indicado por ele, para concorrer ao Senado”, disse.
Como mostrou o Estadão, Derrite ainda está no Partido Liberal (PL), mas já acertou seu retorno ao PP. A filiação seria oficializada em evento na última semana, mas foi adiada para a próxima quinta-feira, 22, para que Tarcísio e todos os 49 deputados federais da sigla compareçam.
Ex-presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP) estará presente. Valdemar Costa Neto e Gilberto Kassab, presidentes do PL e do PSD, respectivamente, também foram convidados.
“Eu fico feliz em ter sido lembrado, e mais do que ter sido lembrado pelo grupo do governador Tarcísio de Freitas ou até do presidente (Jair) Bolsonaro, como postulante a uma das duas vagas do Senado Federal”, afirmou Derrite.
Troca de partido se deu com aval de Bolsonaro
Segundo Derrite, para que a candidatura ao Senado se tornasse viável, o entendimento nos bastidores foi que seria melhor que ele e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) concorressem por partidos distintos. A mudança de partido, diz, foi costurada pelo senador Ciro Nogueira, à frente do PP.
“O senador Ciro veio falar comigo e eu disse: ‘não vejo problema nenhum’, desde que fosse de acordo do presidente Bolsonaro e do governador Tarcísio de Freitas. E que fosse uma saída amigável com o presidente (do PL) Valdemar (Costa Neto)”, disse.
Derrite afirmou que a negociação deu certo. “Meu retorno para o Partido Progressistas está previsto para quinta-feira, dia 22 de maio, mas com esse objetivo: se lá na frente, no ano que vem, realmente houver a possibilidade da indicação de concorrer ao Senado Federal, que eu possa estar apto”, disse. “Só de ter sido lembrado por esse grupo de direita como postulante a uma das vagas eu já fico feliz.”
Apoio de Tarcísio pesa na definição
Considerado um dos principais fiadores da candidatura de Derrite, Tarcísio deu respaldo ao secretário no momento de crise mais aguda na área da segurança pública. O governador o manteve no cargo no final do ano passado após pressão para demiti-lo em meio a uma série de casos de violência e abuso policial.
Uma das justificativas foi a queda nos índices de criminalidade: sob Derrite, São Paulo registrou em 2024 o menor patamar de roubos e homicídios desde o início da série histórica, em 2001. Por outro lado, os furtos cresceram no Estado no começo deste ano e bateram bateram o recorde para o primeiro trimestre na capital paulista em toda a série histórica, com 61,8 mil casos.
Já as mortes cometidas por policiais militares cresceram 84,14% no ano passado na comparação com 2023. Com 34%, a segurança pública é a área da gestão Tarcísio que tem a pior avaliação entre os paulistas, de acordo com pesquisa Genial/Quaest publicada em fevereiro.
A filiação de Derrite ao PP é tratada como uma volta para casa. Ele ingressou na política ao se eleger deputado federal pelo partido em 2018. Quatro anos depois, a legenda decidiu apoiar o então governador Rodrigo Garcia para governador, o que levou Derrite a se filiar ao PL para apoiar a candidatura de Tarcísio. (COLABOROU PEDRO AUGUSTO FIGUEIREDO)