O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou nesta terça-feira, 26, a representantes de movimentos sociais simpáticos ao governo da presidente Dilma Rousseff que atuará para garantir ao máximo a “previsibilidade democrática” no pedido de impeachment contra a petista que corre na Casa e poderá levá-la ao afastamento do cargo. Ele disse que se empenhará para permitir a presença deles nas votações que ocorrem no Senado – o que não ocorreu na Câmara.

“É evidente que eu não posso substituir o conjunto do Senado”, disse Renan em seu gabinete, sob risos dos movimentos favoráveis ao governo. “É evidente que eu não posso (substituir os senadores) e essa circunstância precisa também ser administrada”, completou o peemedebista.

Na conversa, que foi filmada por participantes do encontro e veiculada nas redes sociais, o presidente do Senado afirmou que não se pode “partidarizar” o debate sobre o impeachment de Dilma e destacou que teve com a presidente, nos últimos anos, uma relação de colaboração. Disse tê-la alertado quando considerou necessário e chegou a apresentar uma agenda anticrise. Mas sinalizou que, em um eventual governo de Michel Temer, não permitirá retrocessos.

“Nós não podemos atropelar conquistas do governo nos últimos anos”, defendeu, ao sugerir a necessidade de se discutir mudanças na regulamentação dos trabalhos dos terceirizados. “Se for o caso de nós termos um governo temporário, eu terei com o governo temporário a mesma relação que tive com a presidente Dilma, de independência, mas de colaboração com aquilo que significar o interesse nacional”, destacou.

Participaram, entre outros movimentos, o líder do MST, João Pedro Stédile, e o coordenador nacional do MTST, Guilherme Boulos, além de senadores do PT e da Rede Sustentabilidade. Os integrantes dos movimentos entregaram a Renan manifestos contra o que chamam de golpe contra a presidente e cobraram dele livre acesso para as sessões do Senado.

Renan repetiu que não vai permitir que o Senado se apresse em tomar decisões e citou o fato de que a Casa já cometeu o equívoco de ter declarado vago em 1964 o mandato do presidente João Goulart, mesmo ele estando no País.