19/04/2024 - 13:58
Estimativas da ONU (Organização das Nações Unidas) sugerem que em 2050, pouco mais de dois terços de toda a população global viverão em áreas urbanas. Até lá, as cidades deverão fazer um planejamento para estarem preparadas às adversidades que podem ocorrer.
Mas como será o futuro das cidades? Essa é a pergunta que busca desvendar o arquiteto e urbanista Caio Esteves, no livro “Lugares Futuros – Place Branding, Placemaking, Strategic Foresight para fortalecer lugares, cidades e países”, que será lançado na próxima segunda-feira, 22.
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“O futuro não é um só, ele é plural. A gente não deveria e não pode trabalhar com a projeção de um único futuro”, explica Caio Esteves, acrescentando que devem ser analisadas uma série de possibilidades. “Eu trabalho com seis grupos de futuros. Preferível, provável, projetado, plausível, possível e absurdo”, esclarece o urbanista.
Projeção estratégica
Conforme o especialista, se deve olhar para essas possibilidades futuras no intuito de compreender o que precisa ser feito atualmente para tornar as cidades aptas a se preparar para o que vem adiante, no que é chamado de projeção estratégica. “Não estamos falando de previsão de futuro, não é bola de cristal, é explorar potenciais e antever da melhor forma o que pode vir a acontecer”, afirma o autor.
Os engarrafamentos de veículos nas grandes cidades representam um problema cotidiano que parece longe de estar resolvido, principalmente em municípios como São Paulo, que tem 12 milhões de habitantes, e é um desafio para as gestões públicas. “A projeção de futuros vai te responder isso com outra pergunta. Até quando o trânsito como a gente conhece vai existir?”, questiona o urbanista, citando que na pandemia, por exemplo, o tráfego de automóveis não era uma discussão.
De acordo com Caio Esteves, o Brasil possui um pensamento rodoviarista, nossa percepção de trânsito é que duplicar a pista vai melhorar, quando na realidade irá trazer mais carros e não trará benefício.
“Há mil formas de resolver essa questão com as ferramentas que temos hoje, mas deve se observar para onde podemos ir e quais as possibilidades que virão”, argumenta o urbanista, complementando que também deverão ser analisada como serão as relações de trabalho adiante, como uma possível expansão do home office ou a popularização de uma jornada de quatro dias.
Caio Esteves argumenta que se as gestões públicas estabelecessem um plano para resolver os engarrafamentos se baseando apenas em questões do presente que são variáveis, ele poderia já estar obsoleto quando colocado em prática. “Será que em cinco anos, o problema ainda será o mesmo?”,
Expansão urbana
Além dos engarrafamentos, as áreas urbanas tendem a possuir uma densidade populacional cada vez maior e com isso, a expansão vertical se torna mais necessária, com a criação de novos prédios e construções altas que possam ser ocupadas por mais pessoas do que uma casa. “Eu não acho que uma cidade cuja tipologia padrão seja composta por edifícios de 50 andares em que eu não vejo o céu seja ideal”, aponta Caio Esteves, alegando que deve haver um planejamento no crescimento.
O especialista sugere o exemplo de “cidade de 15 minutos”, um planejamento que permite à população ter acesso a redes de infraestrutura como comércio, educação e oportunidades de trabalho em uma área de pequena distância que seja “caminhável” ou “ciclável”. “Uma cidade onde não há só um grande centro, mas tenho isso esparramado pelos bairros”, o que evita problemas como o engarrafamento.
“Lugares Futuros”
Ao autor, a intenção da obra é servir como um ponto de partida para a reflexão sobre o que vem daqui adiante para mostrar uma perspectiva que não vai apenas a partir do hoje, mas que também observa as possíveis mudanças do futuro. “Eu não tenho a pretensão de que o livro seja um guia, mas que chame atenção das pessoas para discutir o futuro também dos lugares”, conclui Caio Esteves, finalizando que o título não representa uma solução.
**Estagiário sob supervisão