‘Não me dava carinho’: o drama de Virginia e sua relação difícil com o pai morto

A influenciadora abriu o coração ao relembrar que teve uma relação complicada com o pai, Mário Serrão, que faleceu em 2021

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Virgínia Fonseca e pai Foto: Reprodução YouTube

A influenciadora Virginia Fonseca, de 26 anos, abriu seu coração ao relembrar que teve uma relação complicada com o pai, Mário Serrão, que faleceu em 2021, aos 72 anos, após uma internação por pneumonia e outros problemas de saúde. Durante sua participação no programa ‘Em Pé com Fernanda Gentil’, a apresentadora do SBT disse que entender o comportamento duro do pai foi um grande desafio, e a convivência entre os dois só começou a melhorar nos últimos três anos de vida dele.

“Tinha 22 anos quando ele morreu. Minha relação com meu pai era muito ruim. Nossa relação foi melhorar quando eu fui morar sozinha. Ele era muito grosso, de mente fechada e muito bravo. Ele participou da guerra, tinha alguns traumas e não era de dar carinho. Isso me deixava muito brava com ele. Eu não conseguia aceitar essa relação dele comigo”, disse Virginia.

A famosa ainda relatou que, em contrapartida, o relacionamento entre Mário e sua mãe, Margareth Serrão, sempre foi harmonioso. “Minha mãe falava e meu pai aceitava. Ela que mandava sempre”, disse. “O que eu pedisse, ele me dava, mas carinho e afeto, nada. Eu falava para minha mãe: ‘Eu odeio meu pai’. Minha mãe ficava preocupada, ela perguntava: ‘Seu pai já fez alguma coisa com você?’.”

“Depois, comecei a entender que ele não dava porque ele não recebeu. Minha mãe é muito carinhosa, por isso eu sou muito carinhosa com as minhas filhas. Comecei a entender que eu não poderia ser de mente fechada como ele estava sendo. Fui morar sozinha, teve essa virada de chave. Toda vez que ia visitar eles, eu abraçava, beijava. Ele reclamava, mas eu não estava nem aí”, relatou.

Virginia completou o assunto dizendo que só conseguiu criar uma conexão com o pai quando já era adulta e se sente agradecida por isso. “Nossa relação foi começar a melhorar quando eu tinha 19 anos. Sou muito grata a Deus porque Ele me deu um período de três anos para eu aproveitar o meu pai.”

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Virginia Fonseca relembra relação difícil com o pai - 14/06/2025 - Celebridades - F5

Procurado pela reportagem de IstoÉ Gente, o psicólogo Alexander Bez, especialista em relacionamentos, analisou o caso da influenciadora Virginia Fonseca e como os traumas parentais podem causar danos na vida adulta. Leia na íntegra:

“Quando falamos de traumas psicológicos que são transmitidos de uma geração para outra, estamos nos referindo aos traumas intergeracionais. Isso não ocorre apenas por conta de uma convivência disfuncional no ambiente familiar, mas também pode estar registrado no DNA, desde a concepção. Esse fator biológico, somado a uma interação afetiva deficiente, pode agravar ainda mais os sintomas emocionais, contribuindo diretamente para a formação do temperamento e de aspectos do caráter dessa pessoa.

As crianças, por sua vez, aprendem, absorvem e podem reproduzir comportamentos associados aos traumas herdados psicologicamente. No campo psiquiátrico, é importante destacar que essas condições também podem ser herdadas, ou seja, a própria psicopatologia pode ser passada para o feto, ainda na gestação.

Existe ainda a chamada osmose psicológica, que ocorre no dia a dia e reforça e potencializa esses traumas. Se falamos, por exemplo, de alguém que vivenciou uma guerra, é muito provável que esse indivíduo desenvolva um quadro de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT). Esse trauma, muitas vezes, está diretamente ligado à dificuldade em expressar sentimentos, à frieza emocional e à falta de demonstrações de afeto.

As consequências aparecem na vida adulta, especialmente em quadros de ansiedade, depressão e dificuldades nos relacionamentos. Quando somamos os traumas emocionais, a falta de carinho e a ausência de atenção, principalmente por parte da figura paterna, esse indivíduo pode enfrentar também desafios na vida conjugal, vivenciando, em muitos momentos, relações instáveis.

Isso acontece porque o aparelho psíquico não só experimentou esses traumas no convívio, como também carrega, geneticamente, traços herdados no próprio temperamento. Por isso, o tratamento precisa ser muito bem estruturado.

Entre as principais intervenções terapêuticas, indicamos psicoterapia voltada para a compreensão desses traumas, sessões de apoio psicológico, dessensibilização sistemática, psicoterapia emocional e processos de reabilitação emocional. Quando necessário, também fazemos uso de suporte medicamentoso, como ansiolíticos e antidepressivos, sempre com acompanhamento de um psiquiatra. Todo esse processo pode, sim, ser conduzido por um psicólogo, desde que alinhado com um profissional da psiquiatria, caso haja indicação de medicação. É um trabalho multidisciplinar, que busca não apenas tratar os sintomas, mas também ressignificar essas vivências e romper ciclos emocionais que atravessaram gerações.”

Referências Bibliográficas

Alexander Bez – Psicólogo; Especialista em Relacionamentos pela Universidade de Miami (UM); Especialista em Ansiedade e Síndrome do Pânico pela Universidade da Califórnia (UCLA); Especialista em Saúde Mental. Atua na profissão há mais de 27 anos.

É também autor dos livros: Inveja – O Inimigo Oculto; O Que Era Doce Virou Amargo!!! (Volumes 1, 2 e 3); A Magia da Beleza Feminina; A Paixão e Seus Encantos; e What You Don't Know About COVID-19: The Mortal Virus.