A foto falsa que Macron postou no Twitter teve mais poder que qualquer desmentido do Itamaraty. O Brasil ajoelhava perante a comunidade internacional. Em toda guerra, já dizia alguém, a primeira vítima é sempre a verdade. A segunda foi o Brasil.

Quando o bate boca chegou na diferença de idades das mulheres dos presidentes, o Brasil ajoelhou e teve de rezar. Anunciou as medidas que o mundo reclamava e perdeu a face perante a comunidade internacional, que escolheu as mentiras elegantes da França em vez da verdade grosseira do Brasil e tomou uma culpa que não lhe pertencia. E o “cara” humilhado, foi não foi Macron, foi Bolsonaro. E o Brasil.

Bolsonaro não pode copiar os modos de Trump porque nem ele é Trump, nem o Brasil são os Estados Unidos. Olavo! Clarifique isso para ele por favor!

Porque nem Bolsonaro tem o apoio político sólido no Congresso — o seu partido é apenas um entre quase trinta e Trump tem consigo o partido Republicano, que é metade do sistema político dos EUA. Nem o Brasil pode abrir guerra contra a China e a Europa ao mesmo tempo confiando numa amizade – muito interesseira que os americanos nos estendem.

Já não sei quem falou, posso ter sido eu pensando no que me disse o meu amigo Nuno Melo que é deputado no Parlamento Europeu, que a Paz é apenas aquele momento em que o povo não sabe que há guerra. As nações estão sempre em conflito porque os recursos são escassos e todos querem o melhor para si.

Quem melhor explicou a verdadeira essência das relações internacionais foi o antigo presidente francês Charles de Gaulle — outro francês — quando deixou esculpido em Carrara, que depois o tempo e o povo traduziram como cuspido e escarrado— “A França não tem amigos; tem interesses”.

A novidade é que, felizmente nas últimas décadas, a maior parte dos campos de batalha já não são feitos com trincheiras, cargas de infantaria ou combates de aviões a jato. As guerras são nos corredores e plenários das instituições internacionais; na ONU, no Mercosul, na União Europeia, OTAN e também, em modelo mais informal, em Davos, Biarritz ou Bilderberg.

Esse meu amigo, que está habituado a negociar ao maior centro de poder da Europa, conta que os bastidores da sala azul do plenário europeu são verdadeiras trincheiras, onde se medem forças, fazem ameaças e se constroem alianças — sempre procurando que a vantagem aterre no Juscelino Kubitschek. Quem acredita que paz existe está longe de entender o mundo.

Quando em junho o candidato Ciro Gomes falava ‘Botamos um estagiário na presidência da República’ não falava da crise da Amazônia, mas parecia adivinhar a tempestade internacional que vinha a caminho.

Respeitem o Jobim! O Brasil não é mesmo para principiantes.