Na linha de frente da defesa do vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), o ex-ministro Eliseu Padilha faz as contas e ressalta que, ainda que seja instaurado o processo de impeachment contra o vice, não haverá apoio suficiente dentro do Congresso para afastá-lo.

Assim como o senador Romero Jucá (RR), que assumiu nesta terça-feira, 5, interinamente a presidência do PMDB, Padilha foi escalado para tirar Temer da linha de frente dos embates com o PT e o Palácio do Planalto, que se acentuaram após o rompimento do PMDB com o governo.

“A correlação de força que hoje existe dentro da Câmara dos Deputados se inverte. Hoje, quem tem que evitar que não se tenha 342 votos terá que colocar. E em tese, hoje temos mais facilidade para que não aconteçam 342 votos contra o Michel. Não haverá 342 votos pelo impedimento dele. Presumo que se mate (o processo) na comissão”, disse Padilha, fazendo uma referência ao número de apoio necessário para que um processo de impeachment passe pelo plenário da Câmara.

As declarações de Padilha ocorreram após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello determinar ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que receba um pedido de impeachment do vice-presidente e envie o caso para análise de uma comissão especial a ser formada na Casa.

A decisão monocrática do ministro passa a valer desde já, mas Cunha já sinalizou que irá recorrer e levar a discussão para ser decidida pelo plenário do STF.

Para Padilha, o ministro tomou a decisão de forma isolada e não contaria com o respaldo da maioria do ministro do STF. “Nós temos tranquilidade absoluta no que diz respeito ao presidente Michel. No que pese todo o respeito ao ministro Marco Aurélio, essa posição dele é uma posição isolada em relação a muitas decisões do Supremo. E o que nós contamos é que, com os recursos que venham a ser apresentados no processo, se tenha reversão”, disse o peemedebista.

A expectativa dentro da cúpula do PMDB é de que a tramitação do processo, mesmo após uma decisão final pelo STF, se arraste dentro da Câmara por meio de possíveis manobras regimentais. Entre as que poderiam ser adotadas é a não indicação, por parte dos líderes, dos integrantes que deverão compor uma futura comissão especial.