Ontem houve eleição para prefeito aqui em Nova York. Ou melhor, foi divulgado o resultado e o nome do vencedor, já que só um especialista em física quântica nuclear e extraterrestre seria capaz de explicar como funciona essa bagaça. Se você acha complicado o sistema eleitoral presidencial americano é porque não faz a menor ideia de como se vota para prefeito em NY.

O vencedor foi Eric Adams e será o segundo negro a administrar a maior e mais importante cidade americana, com um orçamento anual de quase 100 bilhões de dólares. Sua história é simplesmente inspiradora e admirável. Filho de uma família muito pobre de negros, que saiu do Alabama, um dos estados mais racistas dos EUA, em 1950, para Nova York, Adams (61) é ex-policial, mas foi um jovem infrator ligado à violência e às drogas durante a adolescência. Ah, ele é vegano e do partido Democrata.

BOSTON

Bem perto daqui, Boston, berço das mais prestigiadas universidades do mundo, uma cidade que pulsa no ritmo de milhares e milhares de estudantes mais parecidos com Bob Marley do que com Albert Einstein – e isso é um elogio, hein!! -, também escolheu seu novo, ou melhor, sua nova prefeita. Trata-se de Michelle Wu, a primeira mulher a comandar a cidade, também uma negra do partido Democrata.

Com apenas 36 anos, Wu terá pela frente orçamento ínfimo, se comparado com NYC, (algo como 4 bilhões de dólares – menor que o orçamento da Polícia da Big Apple, de 6 bilhões de dólares), e cerca de 700 mil habitantes para cuidar. Sua eleição, assim como a do colega de partido, jamais esteve centrada em discursos populistas, eleitoreiros ou vitimistas. Ao contrário! Ela e ele não foram eleitos pela cor ou orientação sexual, mas a despeito disso. Se tais características não são méritos – e não são! -, muito menos podem ser deméritos.

BEIJO GAY

Dias atrás, o ex-jogador de vôlei do MTC, Maurício Souza, criticou de forma, sim!, homofóbica e cretina, a imagem do filho do Superman beijando um outro homem. O idiota questionou: ‘ah, é só um desenho, não é nada demais. Vai nessa que vai ver onde vamos parar’. Pois é, rapaz! Já te disse em artigo anterior onde vamos parar. Mas dessa vez são os cidadãos de Boston e NY. Inclusão social, meus caros, é a chave para um futuro melhor. Mas inclusão de verdade, e não mero discursinho político para ganhar eleição.

Gays, negros, judeus, asiáticos, pobres… Discrimininação e práticas preconceituosas devem ser patrulhadas, criticadas e banidas com extremo rigor. Isso mesmo, banidas! Liberdade de expressão não é liberdade para atacar, humilhar, depreciar nem odiar pessoas e grupos. É da quantidade que se extrai a qualidade. Não separem; unam! Quanto mais gente inserida na sociedade, maior o mercado consumidor e maiores as chances de bons políticos e bons profissionais.