Economista-chefe do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), Andy Haldane afirmou que, no quadro atual, “nenhuma condição é satisfeita” para a adoção de juros negativos no Reino Unido. Em discurso nesta quarta-feira durante seminário virtual, Haldane também enfatizou os riscos à perspectiva para o país, entre eles restrições locais à circulação diante de novas ondas de casos da covid-19.

Haldane lembrou que o conselho do BoE avalia que as taxas de juros negativas poderiam ser um “instrumento potencial” entre as alternativas para a política monetária. Segundo ele, alguns comentadores interpretaram o início desse trabalho como uma possibilidade de adoção delas no curto prazo. A ata da mais recente reunião de política monetária, contudo, “não continha esse sinal”, ressaltou, complementando que esse trabalho de avaliar se é factível o uso de juros negativos deve levar alguns meses.

Depois desse trabalho ser concluído, as avaliações sobre juros negativos dependerão de como a perspectiva econômica está em dado momento, se é necessário mais estímulo monetário. Caso essa condição seja satisfeita, a adoção de juros negativos dependerá de saber se o balanço de custos e benefícios é positivo ou não e da comparação com outras estratégias. Segundo ele, todas essas condições teriam de ser satisfeitas antes de que juros negativos se tornassem uma realidade. “No momento, nenhuma dessas condições na minha visão é satisfeita”, advertiu.

Haldane também listou riscos no horizonte, como o aumento no número de casos do novo coronavírus e os efeitos da negociação do futuro comercial com a União Europeia. Ele considerou que a recuperação inicial do choque da covid-19 no país foi mais rápida do que o esperado, mas ressaltou que o quadro agora é de “risco considerável” para a demanda. Haldane disse ainda que medidas de restrições locais à circulação adotadas na última semana para conter a circulação do vírus devem pesar sobre a atividade e o crescimento.