Durante muito tempo, a maioria das mulheres que decidia congelar os óvulos para ter filhos mais tarde fazia isso porque queria investir na carreira profissional. Uma gravidez poderia prejudicar a evolução no mercado no auge da idade produtiva. Isto mudou. De acordo com uma pesquisa divulgada na semana passada pela Universidade de Yale (EUA), grande parte das mulheres adia a gestação porque não encontra parceiros com os quais desejam partilhar a criação de um filho. O resultado foi apresentado no congresso da Sociedade Europeia de Reprodução Humana Assistida, realizado na Espanha.

Os responsáveis pelo trabalho foram antropologistas que decidiram investigar as motivações atuais para o congelamento de óvulos depois de observarem indicações contrárias ao que se pensava. Foram feitas entrevistas com 150 mulheres americanas e israelenses que se submeteram ao procedimento por razões sociais e não por necessidade médica.

Sucesso profissional

Os pesquisadores se surpreenderam com o retrato que obtiveram. Eles descobriram que 85% das mulheres não mantinham relações afetivas com qualquer parceiro e 15% encontravam-se em relacionamentos complicados com homens que não estavam interessados em ter filhos ou haviam apresentado interesse em manter relacionamentos mais longos. “A maioria das mulheres já tinha atingido seus objetivos educacionais e na carreira, mas entrando na faixa dos 30 anos ainda não haviam encontrado alguém com quem se relacionar de forma estável”, explicou Marcia Inhorn, autora da pesquisa. “Esta era a razão pela qual estavam congelando os óvulos.”