Thiago Pereira sempre vai ter um carinho especial pelos 400m medley. Afinal, foi nesta prova que, de forma inesperada, ele enfim ganhou uma medalha olímpica – a prata em Londres-2012. No Rio, entretanto, Thiago não vai tentar repetir a dose. O nadador do Minas Tênis Clube abriu mão de tentar o índice olímpico no Troféu Maria Lenk, que começa nesta sexta-feira.

A explicação para a decisão é relativamente simples: “O 400m medley é a prova mais difícil da natação”, alega Thiago. “Usamos todos os grupos musculares em uma mesma prova, trocando todos os estilos, respiração, intensidade”, lembra ele.

Não à toa, são poucos os nadadores de renome que seguem se arriscando nessa prova. Por consequência, o nível técnico é mais baixo do que dos 200m medley, por exemplo, que ainda tem Ryan Lochte, Michael Phelps e Laszlo Cseh, todos finalistas das últimas três Olimpíadas, sempre logo à frente do brasileiro.

Thiago Pereira até poderia nadar os 400m medley no Maria Lenk, tentar seu 14.º título consecutivo no torneio, fazer o índice olímpico, e deixar para decidir mais perto da Olimpíada, até no dia da competição, se nadaria a prova. Mas ele preferiu encerrar o assunto de vez. “Eu tinha que tomar uma decisão também e ficar nessa de vai ou não vai, não dava. Acabei decidindo focar para a prova dos 200m medley”, explica.

O técnico Alberto Silva, o Albertinho, disse que conversou com Thiago na etapa de Orlando do Pro Swim e, questionado pelo nadador, sugeriu que ele nadasse os 400m medley no Maria Lenk. “Uma coisa que incomoda muito o Thiago é a cobrança na Olimpíada. Ele mesmo valoriza demais, se sente pressionado, acha que o Brasil está esperando alguma coisa dele. Na verdade, acho que ele quis se livrar mais cedo, ficar mais tranquilo e focar na prova que ele gosta”, opina o treinador.

Albertinho, entretanto, evita criticar o nadador. “Se (os 400m medley) vai ser mais difícil (que os 200m medley) ou menos, vamos esperar para ver. Acho até que é um desafio para um cara desse nível, agora vou nadar só a prova que eu quero. Tem horas que você tem de olhar as oportunidades que aparecem”, completa.

Thiago Pereira até fez o índice ‘A’ da Fina (Federação Internacional de Natação) para os 400m medley ao chegar na frente na final dos Jogos Pan-Americanos, mas ele acabou eliminado por uma virada irregular. Se o resultado tivesse sido oficializado, ele poderia ser inscrito nos 400m medley na Olimpíada, desde que esteja na convocação (feita a partir dos resultados das duas seletivas nacionais) e não mais que um nadador fizer o índice nessas seletivas.

Como Brandonn Almeida fez índice ‘A’ da Fina no Torneio Open, em dezembro, o Brasil só poderá inscrever um segundo nadador nos 400m medley na Olimpíada se este também tiver o índice ‘A’. Thiago até poderia tentar fazê-lo mais para frente, uma vez que o prazo para tomada de tempo é 3 de julho. Mas Albertinho admite que isso é improvável. “Vamos deixar as coisas correrem, mas acho muito difícil fazer índice A nessa prova em meio de temporada.”