Membro da equipe de natação feminina da Universidade da Pensilvânia, Lia Thomas, tem se destacado nas competições universitárias nos Estados Unidos. Natural de Austin, no estado norte-americano do Texas, a nadadora transgênero revelou ainda o desejo de defender o seu país nos Jogos Olímpicos.

Destaque nas competições da NCAA, a nadadora tem sido alvo de críticas por ser trans e estar competindo nas piscinas contra outras mulheres. Thomas fez parte da equipe masculina de natação da faculdade da Pensilvânia por três anos, mas migrou para a modalidade feminina: “Eu não me sentia como um menino”, disse ela em entrevista à ABC News, no programa “Good Morning America”.

“Eu mal estava indo para as aulas. Eu mal conseguia sair da cama”, lembrou ela.

“Eu disse, ‘Eu não posso mais viver assim. Eu quero viver de novo. Eu quero ser capaz de fazer coisas que eu gosto.'”, explicou a nadadora de 22 anos.

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Transição

Apesar do medo de não conseguir competir, Lia começou em 2019 o processo de reposição hormonal. O objetivo da atleta era “criar uma aparência mais feminina”.

“Eu perdi massa muscular e fiquei muito mais fraca e muito, muito mais lenta na água”.

Em resposta aos críticos que dizem que Thomas fez a transição para ganhar mais medalhas de natação, ela reiterou que não é o caso.

“Fazemos a transição para sermos felizes, autênticos e verdadeiros. Fazer a transição para obter uma vantagem não é algo que sempre influencia nossas decisões.”

O que diz a NCAA?

Somente em janeiro deste ano, a National Collegiate Athletic Association (NCAA) agiu na questão e atualizou suas regras para atletas transgêneros. Agora, cada modalidade pode decidir por suas próprias diretrizes, o que antes era fiscalizado pela NCAA por meio de reposição hormonal.

A USA Swimming, órgão máximo da natação norte-americana, utiliza um painel de revisão, mas analisando cada caso separadamente e determinando medidas de forma individual. Dessa forma, Lia Thomas pode competir entre as mulheres no campeonato deste ano.

Após o anúncio da NCAA no começo deste ano, 16 companheiras de Lia na Universidade da Pensilvânia e seus pais assinaram uma carta, em fevereiro, relatando que a jovem representava uma ameaça ao esporte feminino, além de considerar a permissão para Thomas competir entre as mulheres injusta.

“Você não pode ir no meio do caminho e dizer ‘apoio mulheres trans e pessoas trans, mas apenas até certo ponto'”, disse Thomas em resposta às cartas de seus colegas de equipe.

“Se você apoia mulheres trans como mulheres e elas atendem a todos os requisitos da NCAA, então não sei se você pode realmente dizer algo assim [ser contrário]”, ressaltou.

“Mulheres trans não são uma ameaça para os esportes femininos”, finalizou.

Paris 2024

Em meio às polêmicas da sua permanência na natação feminina, Thomas reitera que seu objetivo é continuar competindo entre as mulheres e e ainda buscar um lugar na equipe de natação dos Estados Unidos nos próximo Jogos Olímpicos de Paris 2024.

“Tem sido um objetivo meu nadar nas seletivas olímpicas há muito tempo, e eu adoraria ver isso acontecer”.

“Embora tenha havido lutas ao longo do caminho, fazer a transição e ser fiel a mim mesma me trouxe muita alegria e paz de espírito. Todas as pessoas merecem a oportunidade de serem autênticas, livres de assédio e discriminação”, legendou a nadadora em publicação no seu Instagram.

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