A nadadora australiana Madeline Groves revelou em uma entrevista transmitida nesta quarta-feira, pela rede de TV americana ABC, que foi vítima de agressão sexual por um líder mundial da natação quando era menor de idade. A atleta de 26 anos não revelou o nome do agressor, mas afirmou que ele ainda trabalha no meio e decidiu por não apresentar queixa.

“Quando tentei apresentar queixa contra outras pessoas do mundo dos desportos, foi tão desanimador que não penso que apresentá-la contra esta pessoa teria mais consequências do que contra as outras”, disse Groves.

Especialista em nado borboleta e dona de duas medalhas de prata nos Jogos Olímpicos do Rio-2016, a nadadora renunciou à Olimpíada de Tóquio-2020 para protestar contra os “misóginos perversos” envolvidos na modalidade. A australiana afirma que optou por falar sobre o assunto após a cobertura da mídia sobre o ex-técnico John Wright, acusado de pedofilia contra meninos nas décadas de 80 e 90 e preso.

“Acho que olhando para o relatório do caso John Wright, temos a tendência de dizer que esse tipo de coisa é do passado e que os tempos mudaram”, disse Madeline Groves. “Mas não acho que seja necessariamente verdade. Quando eu era menor, fui repetidamente vítima de um homem adulto. Naquela época, não conseguia encontrar ninguém para falar sobre isso. E nem mesmo há ninguém no meio de nadar com quem possa estar confiante o suficiente para revelá-lo”, acrescentou.

Após a recusa de Groves para ir aos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, neste ano, a Swimming Australia, a federação australiana de natação, se reuniu com ela e admitiu “comportamento inaceitável” que remonta a várias décadas, criando uma comissão de inquérito independente, cujos resultados são esperados no próximo ano.

Ainda nesta quarta-feira, a Swimming Australia disse à ABC que estava “decididamente comprometida em melhorar permanentemente nosso esporte para torná-lo um ambiente seguro e motivador para os praticantes, da base à elite”.