Alexei Navalny, líder opositor russo que morreu no mês passado na prisão, previu em 2020, em declaração divulgada pela primeira vez nesta quarta-feira (6), que sua morte não mudaria nada, e que outras pessoas ocupariam o seu lugar.

“Nada mudará se me matarem”, afirmou Navalny a Jacques Maire, então membro da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, em dezembro de 2020.

Em trechos da conversa divulgados pelo jornal francês Liberation e pela rede LCI, Navalny diz que sua equipe sabia o que fazer e reconhece que as coisas se tornariam “mais difíceis” sem ele.

“Outras pessoas estão prontas para ficar no meu lugar. Existem milhões de pessoas que não querem viver em um país onde todo o poder está nas mãos de apenas um homem. Não é sobre mim, e sim sobre as pessoas que represento ou tento representar”, diz Navalny em inglês.

O encontro aconteceu em 17 de dezembro de 2020, em Berlim, antes de Navalny retornar à Rússia após se tratar de um envenenamento, pelo qual acusou o Kremlin. Ao desembarcar em solo russo, em janeiro de 2021, Navalny foi preso ainda no aeroporto.

Jacques Maire, que atuou como relator na investigação sobre o envenenamento do opositor, divulgou o vídeo com a autorização da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa.

“Sabem como funcionar sem mim, porque, na verdade, passei muito tempo por ano na prisão, portanto estão acostumados a trabalhar sem mim”, diz Navalny sobre sua equipe. “A organização vai se manter e funcionar, mas, certamente, isso seria mais difícil em termos de motivação”, ressalta o opositor, em declarações divulgadas à AFP pelo Libération.

A viúva, Yulia Navalnaya, disse que dará continuidade à causa do marido.

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