As nações do atóis do Pacífico lançaram, nesta quarta-feira (21), uma nova associação global para preservar sua soberania e patrimônio, no momento em que seus países desaparecem pelo aumento do nível do mar provocado pela mudança climática.
A iniciativa Rising Nations foi anunciada em um evento em paralelo à Assembleia Geral da ONU, em Nova York, pelo primeiro-ministro de Tuvalu, Kausea Natano, e pelo presidente das Ilhas Marshall, David Kabua, com o apoio de países como Alemanha, Estados Unidos e Canadá.
“A crise climática está criando um futuro cada vez mais incerto para as pessoas na maioria dos lugares do mundo”, disse Natano.
“Paradoxalmente, na minha região, o Pacífico, está tornando nosso futuro cada vez mais ‘certo’, mas não de uma forma que ofereça qualquer tipo de conforto”, desabafou.
As nações insulares do Pacífico representam apenas 0,03% das emissões globais, mas, neste século, podem perder um território considerável. Algumas, inclusive, vão-se tornar inabitáveis, mesmo que o mundo cumpra a meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento de longo prazo a 1,5ºC.
Nesse sentido, Tuvalu, Kiribati e as Ilhas Marshall pedem um acordo global que garanta a seus Estados uma “existência permanente”, além do tempo de vida habitável de seus atóis.
A iniciativa contempla um plano de quatro pontos: reafirmar o compromisso da comunidade internacional em preservar sua soberania; lançar um programa de adaptação para aumentar a resiliência e proteger sua subsistência; criar um repositório do patrimônio cultural das ilhas; e apoiar as nações na obtenção do “status” de Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
“Sabemos que, mesmo com um aumento da temperatura global média de 1,5°C, nossas terras eventualmente submergirão”, disse Kabua.
“Agora buscamos a mesma associação profunda da comunidade internacional para preservar nosso direito à nacionalidade no futuro, conservando plenos direitos à nossa identidade nacional e mantendo nosso rico patrimônio”, acrescentou.
O aumento do nível do mar já está ameaçando os atóis do Pacífico, contaminando seus aquíferos com água salgada, provocando marés mais altas, aumentando a intensidade de tempestades e inundações, além de enfraquecer as defesas naturais.
O branqueamento dos recifes de coral está reduzindo as populações de peixes e pondo o turismo em risco, aumentando o custo de vida e obrigando as pessoas a deixarem suas casas.
