Os nacionalistas perderam a maioria absoluta no Parlamento da Escócia, algo que poderá prejudicar suas ambições separatistas, em eleições regionais e municipais britânicas que colocam à prova o líder trabalhista Jeremy Corbyn.

À espera do anúncio, na noite desta sexta-feira, do resultado da eleição para a prefeitura de Londres, que pode transformar Sadiq Khan no primeiro prefeito muçulmano de uma grande capital europeia, a perda de apoio do Partido Nacional Escocês (SNP) era o fato mais significativo da jornada eleitoral da quinta-feira.

O terceiro foco de atenção é resultado geral do Partido Trabalhista no primeiro grande teste de seu novo líder Jeremy Corbyn, cujos críticos aguardam um sinal para tentar derrubar.

Os primeiros resultados apontam que os trabalhistas não perderam muito, mas tampouco conseguiram avançar com o desgaste e as divisões do Partido Conservador do primeiro-ministro David Cameron.

“Em toda a Inglaterra havia previsões de que perderíamos municípios. Não ocorreu, aguardemos”, declarou Corbyn a um grupo de militantes trabalhistas.

Os resultados servem para todas as interpretações. Um deputado crítico de Corbyn, que não foi identificado, disse à BBC que o líder “tem mais um ano para demonstrar que não servirá de bandeja aos conservadores a vitória nas eleições gerais de 2020, que é o que parece sair destes resultados”.

Cameron tentou sacudir a divisão trabalhista.

“Eleições locais para os primeiros-ministros em cargo geralmente são dias de horror”, disse Cameron a alguns militantes conservadores.

“Um dia no qual espera-se que alguém bata na porta, como o condenado quando vem o carrasco. Não foi assim nesta noite”, comemorou.

-O SNP ganha, mas…. –

O SNP ganhou 63 das 129 cadeiras nas eleições da Escócia na quinta-feira, cuja outra grande surpresa foi que os trabalhistas caíram para a terceira posição, com 24 cadeiras, atrás dos conservadores (31), nesta região do norte de forte tradição trabalhista e separatista.

Na comparação com as eleições de 2011, os nacionalistas perderam seis cadeiras, os conservadores ganharam 16 e os trabalhistas, que não param de perder influência desde que apoiaram o unionismo no referendo de independência de 2014, cederam 13.

A grande vencedora das eleições escocesas foi a atípica líder conservadora Ruth Davidson, que combina eloquência com simpatia, que nunca escondeu sua homossexualidade e que, em resumo, transcende as posições de seu partido.

Pouco antes de serem conhecidos os resultados finais, quando a vitória nacionalista era certa, a líder do SNP, Nicola Sturgeon, comemorou a vitória “histórica” de seu partido.

“Já está claro que o SNP conseguiu um terceiro mandato consecutivo” no Parlamento, disse Sturgeon.

“É histórico para o SNP”, completou.

O objetivo do SNP nestas eleições era fortalecer sua hegemonia local e alcançar um mandato para exigir um novo referendo de independência, algo que poderia ser feito depois de 23 de junho, dia do referendo sobre a União Europeia, se a Escócia votar a favor da permanência no bloco, mas a saída triunfar no conjunto do país.

Também foram realizadas eleições regionais em Gales e na Irlanda do Norte, mas durante a manhã desta sexta-feira ainda não havia resultados finais. Já se sabe que os trabalhistas ganharão em Gales e que o UKIP, o partido anti-europeu de Nigel Farage, conquistou seis cadeiras na assembleia, em sua primeira entrada em um Parlamento regional.

– Pendentes de Sadiq –

Os resultados da prefeitura de Londres, um cargo simbólico, mas com muita visibilidade, serão conhecidos na noite desta sexta-feira, mas tudo aponta que o trabalhista Sadiq Khan conquistará o cargo.

Khan, que chegou às eleições de quinta-feira com 12 pontos de vantagem nas pesquisas sobre o conservador Zac Goldsmith, liderava a contagem parcial no complexo sistema de votos e apuração londrino, no qual os eleitores escolhem dois candidatos segundo a ordem de preferência.

Os conservadores, sobretudo o primeiro-ministro David Cameron, tentaram identificar Khan com os extremistas muçulmanos, uma estratégia que parece ter se voltado contra eles.

Uma figura conservadora londrina, Andrew Boff, líder do grupo conservador na assembleia municipal, lamentou na quinta-feira que os ‘tories’ tenham “dinamitado” as pontes estabelecidas com a comunidade muçulmana, em declarações divulgadas pela BBC.

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