O candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) aposta em uma estratégia mais “humanizada” e em acenos a eleitores conservadores para tentar uma virada sobre Ricardo Nunes (MDB) no segundo turno das eleições municipais. A ideia é seguir a estratégia de Lula (PT) em 2002 e dar uma imagem mais ao centro ao psolista.

Nesta segunda-feira, 21, Boulos convocou a imprensa para um pronunciamento em frente à Prefeitura de São Paulo. O local foi mais uma provocação a Nunes do que um simbolismo de virada, segundo a campanha. Durante o discurso do psolista, foi possível ver dezenas de funcionários nas janelas assistindo, tirando fotos e gravando vídeos.

No púlpito, montado do outro lado do Viaduto do Chá, Boulos leu uma “Carta aos eleitores de São Paulo”. Os moldes são muito parecidos com a “Carta aos Brasileiros”, lida por Lula em 2002, que praticamente garantiu a vitória do petista no Palácio do Planalto à época.

No documento, o candidato do PSOL firmou compromissos e admitiu um receio dos eleitores em relação ao seu passado à frente do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).

“Muitos ficam assustados com a minha trajetória no movimento social. Outros se questionam sobre se conseguiremos dar conta ou se vamos dialogar com quem tem visões diferentes. E, por isso, ficam receosos de apostar na mudança que representamos, mesmo sabendo que a cidade não está boa”, diz a carta.

“Peço aqui um voto de confiança a vocês. Eu me preparei para governar nossa cidade: estudei cada área, cada contrato e cada solução”, ressalta.

Boulos deve seguir a estratégia de Lula de humanização da campanha. Ele afirmou que continuará em carreata por todas as regiões de São Paulo e que dormirá na casa de eleitores até sexta-feira, 25, penúltimo dia de campanha.

Nesta segunda-feira, o foco será na Zona Norte, onde Nunes teve maior porcentagem de votos nos colégios eleitorais. Na terça-feira, 22, ele deve focar na região central. As zonas Leste e Oeste receberão o candidato na quarta, quinta e sexta-feira, data do último debate entre os postulantes à Prefeitura.

Aos jornalistas, Boulos disse que nenhuma das agendas foi combinada com correligionários e que todos os encontros serão transmitidos, uma ideia no estilo de Pablo Marçal (PRTB). Questionado sobre os locais onde irá dormir, ele afirmou que os moradores se voluntariaram e que, necessariamente, não são da militância.

“Essas pessoas que vou visitar se voluntariaram para me receber em suas casas. São moradores do bairro, não são da militância”, afirmou.

“Conversamos com lideranças da região e eles perguntaram se os moradores topariam nos receber, e, a partir daí, definimos esse processo de dormir nas casas das pessoas”, concluiu.

Boulos também deve reservar um espaço para acenar aos evangélicos. No primeiro turno, o candidato do PSOL foi um dos que menos obteve apoio da classe religiosa, que migrou seus votos para Ricardo Nunes e Marçal.

Guilherme Boulos deve se reunir com os evangélicos ainda nesta segunda-feira. A estratégia segue, em proporções diferentes, a linha de Nunes, que tem aumentado — e muito — suas agendas em igrejas evangélicas.

Questionado sobre ataques ao prefeito, Boulos afirmou que novas denúncias devem ser divulgadas nesta semana. Ele evitou dar detalhes sobre os temas, mas disse que todas serão divulgadas durante sua propaganda eleitoral no rádio e na TV.