Na ‘terra dos 100 castelos’, palácios italianos narram mais que história

AOSTA, 27 DEZ (ANSA) – Conhecida como a “terra dos 100 castelos”, a região do Vale de Aosta, no norte da Itália, reúne séculos de história em seus palácios, que hoje se transformaram em centros voltados ao conhecimento de arte, cultura, história e ciências locais, além de dedicar alguns espaços a uma “verdadeira” experiência em suas muralhas.   

A viagem para descobrir alguns dos castelos mais emblemáticos da região começa com a icônica Fortaleza de Bard, que ao ser construída sobre um esporão rochoso com vista para a entrada do vale no distante século 5, tendo sido reestruturado no século 10, testemunhou a passagem de exércitos, peregrinos e estadistas.   

Em 1800, a estrutura resistiu heroicamente ao cerco de Napoleão Bonaparte, detendo o avanço francês por duas semanas.   

Este pequeno, mas poderoso ato de resistência resultou na destruição do castelo, que foi reconstruído pela Casa de Saboia a partir de 1830, tomando sua atual forma.   

Hoje, este bastião militar tornou-se um dos mais extraordinários centros culturais dos Alpes, acolhendo exposições internacionais no Museu Alpino, além de uma mostra permanente de conhecimentos históricos e científicos.   

A 30 quilômetros a noroeste, está o Castelo de Saint-Pierre: datado do século 11 e remodelado diversas vezes, sua estrutura domina o vale central com uma aparência de conto de fadas que o tornou um dos marcos mais fascinantes da região.   

Após anos de deterioração, abandono e restaurações subsequentes, o castelo de Saint-Pierre foi totalmente restaurado e, desde 2021, abriga o Museu Regional de Ciências Naturais Efisio Noussan: seus antigos aposentos, outrora habitados por famílias nobres, agora narram a geologia, fauna, geleiras e a fragilidade do ambiente montanhoso nos Alpes.   

Além disso, desde 2024, o museu também abriga o artefato mumificado mais antigo da Itália: uma pequena marmota descoberta em 2022 na face leste da geleira Lyskamm, datada do período Neolítico (4691-4501 a.C.).   

Saindo de Saint-Pierre em direção ao sul por cerca de 50 quilômetros, a próxima parada está no Castelo de Verrès, situado em uma elevação rochosa com vista para o rio Dora Baltea.   

A mansão, uma fortaleza austera e compacta, foi construída no final do século 14 por ordem do nobre Ibleto di Challant. No entanto, a fama do castelo veio com sua neta, Catherine di Challant, que, no século 15, juntou-se aos plebeus para dançar com eles na praça do vilarejo, desafiando as convenções da época e conquistando o carinho de seu povo.   

Todos os anos, durante o histórico Carnaval de Verrès, a dança de Catherine ganha vida novamente com damas e cavalheiros fantasiados, em meio a tochas e tambores, que celebram a liberdade e a coragem da jovem nobre. Ao mesmo tempo, os salões do castelo de Verrès acolhem concertos e espetáculos contemporâneos.   

A poucos quilômetros a leste, está o pitoresco Castelo Tour de Villa, entre os vinhedos do município de Gressan, sendo utilizado na atualidade como pousada e espaço para eventos e cerimônias.   

Construído no século 12, a pequena fortaleza não tinha janelas, revelando sua particularidade. Mas uma ampliação no século 15 remodelou sua estrutura, que ainda hoje preserva as duas torres centenárias. Ademais, o brasão da antiga família também resistiu aos séculos e permanece intacto. (ANSA).