Em 2014, o recém-promovido Audax levou de 4 a 0 do São Paulo, no estádio do Morumbi, pelo Campeonato Paulista. No ano seguinte, o placar se repetiu, até tudo se inverter no último domingo. Em Osasco (SP), a equipe da casa aplicou sobre o algoz a goleada por 4 a 1 e chegou à semifinal do Estadual. O que mudou nesse tempo? Quase nada. Presidente, técnico e parte do elenco são os mesmos do primeiro jogo.

Da estreia na elite até agora, o momento de ápice do clube, permanecem o presidente, Vampeta, e o técnico, Fernando Diniz. E pelo menos um terço dos jogadores já disputa o Estadual pelo time pela segunda vez e sabe de cor a cartilha de jogo da equipe.

Os dois personagens mais conhecidos nesta campanha histórica jogaram juntos no Corinthians e fogem do estilo padrão de suas funções. O treinador gosta de ajeitar o time na base da conversa e da psicologia. E o presidente, não se reconhece como tal. “Sou amigo do dono, não sou dirigente de futebol. O que mudou dos meus tempos de jogador é que assino documentos, contratos e tal. Sou um presidente remunerado, é diferente”, explicou Vampeta.

A forma de comando do clube foge dos padrões tradicionais. A mesma gestão cuida também de outras duas equipes de Osasco e mais uma do Rio, resultado da compra em 2013 do antigo Audax, que havia conquistado o acesso à elite meses antes.

A aquisição custou aproximadamente R$ 30 milhões. O atual mantenedor é o empresário Mário Teixeira, que escolheu o ex-jogador Vampeta para presidir o clube. O ídolo do Corinthians encerrou a carreira no Grêmio Osasco, um dos quatro times geridos pelo grupo.

Mesmo como dirigente, Vampeta conserva características dos tempos de jogador. Ainda é irreverente nas entrevistas e provocou o São Paulo antes das quartas de final. Ele gosta de conversar com o elenco no vestiário, mas adota um estilo mais simples no cotidiano.

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LIBERDADE – O agora presidente de clube evita formalidades como roupas sociais e de repetir no papel atual atitudes que não gostava quando era jogador. Vampeta prefere dar liberdade ao elenco e não se intrometer nos trabalhos diários.

Nem mesmo nos jogos o ex-jogador tem presença garantida. Contratado por uma emissora de rádio, Vampeta vai raramente aos treinos e partidas porque geralmente no mesmo horário está no trabalho como comentarista em outro local. Mas depois vê os vídeos de cada um dos jogos.

Para manter o estilo sem chutões, com muita movimentação e intensa troca de passes, o Audax não investe tanto. A folha salarial do time é de R$ 350 mil, uma das menores do Estadual. O maior salário chega a R$ 20 mil, teto atingido com base em metas individuais de produtividade. “Era um ano difícil porque seis times cairiam no Estadual. O nosso sonho era primeiro permanecer na elite, para depois conquistar vaga na Série D”, contou o diretor de futebol do clube, Nei Ferreira. Os dois objetivos estão cumpridos.

O elenco ganhou folga nesta segunda-feira e, a partir desta terça, passa a semana em Sorocaba (SP). O local foi escolhido por ter trazido sorte em ocasiões anteriores. “Estava confiante. Já reservei o hotel mesmo antes das quartas de final”, disse o diretor.


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