Gilmar Rinaldi não resiste. A cada treino da seleção brasileira, após conversa inicial com Dunga e alguns integrantes da comissão técnica, sempre dá um jeitinho de ir até o canto onde Taffarel exercita os goleiros. Fica lá por um bom tempo, atento e concentrado, observando tudo o que fazem. Também circula pelo campo acompanhando todo o trabalho. Mas normalmente só depois de “cuidar” de perto de seus pupilos.

Atual coordenador de seleções da CBF, Gilmar Rinaldi conhece bem a posição. Goleiro profissional por 21 anos, disputou nove partidas pela seleção, foi campeão do mundo em 1994 como reserva de Taffarel e ganhou a prata na Olimpíada de Los Angeles 10 anos antes, em Jogos em que o Brasil foi representado basicamente pelo time do Internacional. “Eu gosto de olhar. Observo os treinos com olhos de goleiro, quero ver os caras de perto e fico lá incentivando”, admitiu.

O coordenador tem até um local preferido para se posicionar enquanto observa o treino específico para os goleiros: ao lado de uma das traves, junto à linha de fundo. Braços cruzados, acompanha tudo e, vez ou outra, faz um breve comentário. Dá uma dica, incentiva. Também costuma ficar algum tempo atrás de um dos gols nos treinos em que os jogadores são divididos em dois times.

Essa é praticamente uma rotina de Gilmar Rinaldi nos treinamentos desde que assumiu a atual função da CBF, logo após a Copa do Mundo de 2014. E os jogadores dizem gostar da proximidade. “A gente conversa bastante, o Gilmar vai no canto em que treinamos e falamos sobre vivências dentro e fora do campo”, disse Alisson.

As observações de Gilmar Rinaldi também tiveram peso para que o goleiro, que está trocando o Internacional pela Roma, se tornasse titular da seleção no ano passado, a partir do jogo contra a Venezuela pela segunda rodada das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2018. O desempenho de Alisson empolgou a ele e a Taffarel e ambos deram o aval a Dunga para fazer a troca, em um momento em que Jefferson demonstrava insegurança.

Gilmar Rinaldi considera que o Brasil já há algum tempo tem uma excelente safra de goleiros e atribui isso ao fato de eles terem treinadores específicos. “Hoje, os três goleiros da seleção jogam no exterior”, enfatizou, em alusão a Alisson (Roma), Diego Alves (Valencia) e Ederson (Benfica). “Não é pouca coisa e mostra a evolução”.

Para ele, a posição de goleiro foi a que mais evoluiu no futebol brasileiro. Uma das consequência disso se pode perceber nas cobrança de pênaltis, nas quais os goleiros do País apresentam alto índice de defesas. “Eles (os goleiros) procuraram se especializar no pênalti, buscaram informações sobre os cobradores. A tecnologia ajuda”.

Gilmar Rinaldi dá uma dica para que se possa perceber essa evolução: ver o lance por trás do gol. “Assim se tem toda a noção do posicionamento e de como ele se prepara e se comporta na hora da cobrança”.