Nas fábricas da Embraer no interior de São Paulo, houve tanto comemoração quanto preocupação na quinta-feira, 05, após os funcionários receberem o comunicado de que a brasileira e a Boeing haviam assinado um memorando de entendimento para criar uma nova companhia. “Teve gente eufórica, achando que vai ser transferido para os Estados Unidos. Mas a maior parte está receosa”, disse a engenheira Rozana Nogueira, diretora do sindicato da categoria do Estado de São Paulo (Seesp).

Segundo ela, a preocupação maior é com a manutenção do polo tecnológico em São José dos Campos, cidade em que fica a maior unidade fabril da companhia. “Vamos continuar como um centro de desenvolvimento de tecnologia ou virar apenas uma montadora?”, questionou.

Filé

Rozana lembrou ainda que há apreensão em relação ao que restará de forma independente na Embraer – os segmentos de aviação executiva e de Defesa. As duas áreas foram responsáveis por 42% da receita da companhia no ano passado. “A Boeing levou o filé. Como o restante vai sobreviver? É a área de Defesa que fomenta pesquisa. Depois, a tecnologia é embarcada na comercial”, acrescenta a engenheira, que trabalha há 19 anos da Embraer.

Ao contrário do que pretende o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, o sindicato dos engenheiros não planeja pedir que o negócio seja vetado, de acordo com Rozana. “Vetar é quase uma utopia. É uma empresa privada. Mas temos preocupação de como a questão vai se desenrolar.”

Segundo outros trabalhadores ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, o clima de receio e insegurança nas fábricas vem desde dezembro do ano passado, quando surgiram as primeiras notícias sobre as negociações.

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Remanejamento

Há inquietações pessoais, disse Rozana, como em qual companhia cada trabalhador vai ficar – ela mesma exerce funções hoje tanto na área de aviação comercial como na militar – e se aqueles que forem transferidos para a nova companhia serão demitidos para depois serem recontratados. “Não sabemos de muita coisa além do que foi divulgado. Não sabemos como serão as transferências, se haverá demissões, se seremos demitidos e recontratados pela joint venture, são muitas as incertezas”, disse um engenheiro que não quis se identificar.

Um profissional da área de novos projetos da unidade de São José dos Campos disse apenas esperar que a empresa defina o quanto antes seu futuro. “Que agora comece a ficar mais claro, porque existiam muitos boatos que estavam nos consumindo”, desabafou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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