A indústria cinematográfica de Hollywood se acostumou a premiar interpretações que se destacam por imitar em todos os detalhes pessoas famosas do passado. Foi assim que Jamie Foxx ganhou o Oscar por ficar igual ao músico Ray Charles, no filme homônimo de 2004. Como não lembrar Rami Malek, que venceu o Oscar em 2019 por ter personificando exatamente os trejeitos o cantor Freddie Mercury em “Bohemian Rhapsody”? Neste ano, a atriz texana Renée Zellweger, de 50 anos, ganhou o Globo de Ouro e reúne os requisitos para levar o Oscar. Afinal, ela se coloca nos sapatos, nos trajes, na pele, na maquiagem e na peruca de Judy Garland na cinebiografia “Judy – Muito além do arco-íris”. Renée foi indicada ao prêmio máximo do cinema porque está irreconhecível. O filme mostra a última temporada de Judy em Londres, poucos dias antes de morrer. O diretor inglês Rupert Goold parece empenhado em arrancar o coração do espectador. Renée faz a plateia chorar como Judy agonizante aos 47 anos, viciada em calmantes e uísque, com sérios problemas financeiros e amorosos, longe dos filhos pequenos. É conveniente levar pelo menos uma caixa de lenços à sessão.

Bem aquém do arco-íris

Hulton Deutsch

O filme é baseado no drama musical “End of the Rainbow” (2005), do inglês Peter Quilter, sucesso em Sydney e no West End de Londres. A peça faz um retrato patético da cantora, atriz e bailarina americana Judy Garland (1922-1969). Ela é mostrada como vítima do assédio que a atriz mirim teria sofrido de Louis B. Meyer, presidente da Metro Goldwin Meyer. Judy (abaixo) viveu os últimos dias em Londres, onde o público ainda a venerava. Mas sua atitude errática lhe rendeu vaias e objetos lançados ao palco.